Empresa faturou R$ 10,3 bilhões em 2022, 11,5% a mais do que no ano anterior
A Bosch vai investir cerca de R$ 940 milhões em sua operação na América Latina em 2023. O valor supera em mais de 16% os R$ 806 milhões desembolsados no ano passado e se destinará à melhoria da infraestrutura produtiva e às chamadas áreas de digitalização e P&D, pesquisa e desenvolvimento, vertente sobre a qual conglomerado alemão depositará boa parte de seus esforços — e recursos — em todo o mundo nos próximos anos.
O novo valor foi revelado nesta quinta-feira, 18, por Gastón Diaz Perez, presidente da Robert Bosch América Latina, que comemora o crescimento dos negócios da operação. Em 2022, o faturamento chegou a R$ 10,3 bilhões, 11,5% a mais do que no ano anterior, montante que inclui exportações e negócios de empresas coligadas.
O Brasil, maior mercado e base produtiva da empresa na região, respondeu por 74% do volume de vendas, algo como R$ 7,8 bilhões, 23% gerados em exportações para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa.
“Esse crescimento robusto reforça que estamos no caminho certo com a nossa estratégia de longo prazo e de investimentos em soluções de produtos e serviços com alto valor agregado”, afirma Perez, que projeta crescimento moderado das vendas este ano, sem entretanto arriscar um porcentual.
Perto de um terço do investimento programado para este ano beneficiará o desenvolvimento de competências, tecnologias, produtos e serviços de digitalização no Brasil.
A participação dessas áreas ainda é incipiente no faturamento da operação, cenário que Perez pretende ver bastante modificado até o fim desta década, quando a empresa espera estar faturando algo como R$ 20 bilhões, com crescimento substancial também da divisão de ferramentas elétricas.
“Estima-se que metade do custo de um automóvel daqui a uma década se deverá a softwares. O Brasil não poderá ficar fora desse universo e só produzir autopeças”, diz o executivo, que objetiva obter perto de 10% do faturamento da operação com serviços e produtos de digitalização em 2030.
Perez defende que o Brasil pode se tornar um “hub” de desenvolvimento de softwares dentro do grupo alemão para o setor automotivo. Não à toa o complexo de Campinas, SP, sede da empresa na América Latina, tem se tornado, com apoio do Senai, uma formadora de jovens talentos para a área a um custo estimado de € 12 mil por aluno/ano.
“Estamos semeando, semeando… Nossa empresa precisará de milhares de profissionais em todo o mundo nos próximos anos e que poderão participar de projetos globais, já que não existe mais barreiras físicas para isso.”
Produtos locais e projetos
Em prazo bem mais curto, e também fruto dos investimentos já programados, a Bosch trabalha para produzir aqui componentes para motores híbridos flex, de injeção direta de combustível e de algumas centrais eletrônicas, hoje importadas da Ásia.
Mais ainda: Perez tem plano de produzir localmente a MPC3 (Multi Purpose Camera), uma câmera capaz de trabalhar ao mesmo tempo para vários dispositivos de segurança e sistemas de auxílio de direção, como frenagem de emergência, reconhecimento de placas de sinalização ou manutenção em faixa de rolagem.
A MPC3 poderá estar em ritmo de produção comercial em mais três ou quatro anos. Para isso, entretanto, Perez necessita convencer as montadoras de suas vantagens. “Precisaríamos de uma demanda de 1 milhão de unidades anuais para justificar o investimento”, calcula o executivo.
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