Presidente da Stellantis diz que conversa foi ótima, mas não contemplou carro verde acessível. Ele, contudo, voltou a defender o projeto.
Em meio a informações desencontradas sobre o anúncio de novas medidas para reativar o setor automotivo previsto para a quinta-feira, 25, o presidente da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa, reuniu-se nesta quarta-feira, 24, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“A reunião foi ótima”, afirmou o executivo, garantindo que a conversa não abrangeu o projeto de carro popular, “ou melhor, o carro verde acessível”, justamente o tema sobre o qual recaem as expectativas de algum anúncio do governo ainda nesta semana.
Filosa disse desconhecer detalhes do projeto, mas adiantou ser certo que será um importante marco para o setor.
“A possibilidade de ampliar o acesso dos consumidores à compra do carro é positiva. Mas esta é uma receita complexa. No mundo todo, a inflação da indústria automobilística foi uma das maiores entre todos os setores produtivos. Por exemplo: o aço sofreu aumentos de preços de 30% a 45% ano sobre ano. Além disto, estamos em um momento macroeconômico global em que os juros estão elevados para conter a inflação.”
A receita complexa, segundo Filosa, deve considerar a necessidade de facilitar o acesso ao crédito e pode incluir também algum tipo de isenção fiscal, estabelecendo, como contrapartida, o compromisso da indústria de localizar a produção:
“Este deve ser um programa que facilite o acesso ao veículo, mas a demanda deve ser atendida com veículos produzidos no Brasil, com fornecedores nacionais, garantindo e gerando empregos na produção e no desenvolvimento dos veículos. Seria muito negativo se a demanda fosse atendida por importação de veículos ou componentes.”
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Ainda com relação ao carro popular, ele disse que a indústria deve fazer esforços de eficiência, mas sem comprometer dois aspectos essenciais: a segurança veicular e a eficiência energética com redução de emissões de CO2. “Podemos simplificar alguns itens do carro, mas nada que afete segurança e emissões.”
Filosa fez questão de ressaltar ter encontrado muita abertura junto ao ministro para falar sobre a indústria automobilística e a indústria em geral. “Há forte intenção de apoiar a reindustrialização do País para acelerar o desenvolvimento . Há planos e estratégias de desenvolvimento para todas as regiões do Brasil, como é necessário em um País continental como o nosso”, comentou.
Na avaliação do presidente da Stellantis, a aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados é uma sinalização muito positiva sobre os rumos do desenvolvimento e da reindustrialização.
“Os pontos de consenso alcançados entre Executivo e Legislativo são um marco importante, pois fundamentarão o futuro. O Ministro Fernando Haddad tem uma visão de desenvolvimento da indústria que considero muito motivadora. E conversamos muito sobre investimentos, cenários de crescimento e rotas tecnológicas. Com relação especificamente à indústria automobilística, é muito promissor ter a flexibilidade tecnológica que o Brasil conquistou. Nossas alternativas tecnológicas abrangem a eletrificação, o etanol e também a combinação de ambos em sistemas híbridos, para uma mobilidade de baixo carbono. Só o Brasil tem esta flexibilidade tecnológica. E isto é um ativo muito importante”
Foto: Divulgação/Stellantis
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