Seminário da Anfavea em Brasília reúne iniciativa privada e governo para mostrar como o País caminha rumo à eletrificação
Previsibilidade. Foi essa a palavra mais repetida ao longo do seminário da Anfavea “Conduzindo o futuro da eletrificação no Brasil”, que reuniu autoridades e os principais executivos do setor automotivo brasileiro na quarta-feira, 14, no Centro de convenções Ulisses Guimarães, em Brasília.
O evento, que contou com a exposição de 40 veículos eletrificados de diferentes marcas, também foi marcado pela defesa de um trabalho conjunto da iniciativa privada e o governo em prol da neoindustrialização e dos empregos. Logo na abertura do evento, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, foi enfático ao dizer que “a indústria quer previsibilidade e segurança jurídica”.
Segundo o executivo, o Brasil tem de acelerar para não ficar pra trás. “Precisamos localizar e produzir. Queremos mais fornecedores que invistam em pesquisa”, comentou Lima Leite, concluindo seu discurso dizendo que o futuro do Brasil é eclético, ou seja, o País pode adotar diferentes caminhos rumo à eletrificação: “Cada montadora tem sua tecnologia, o importante é o desenvolvimento do Brasil”.
Presente na cerimônia de abertura, o Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, reafirmou o compromisso do Brasil com a descarbonização, garantindo que o País tem tudo para se transformar em um fabricante de baterias para abastecer não só o mercado interno mas também outros mercados. “Queremos trabalhar juntos”, conclui.
No encerramento do seminário, o vice-presidente e titular do MDIC, Geraldo Alkmin, falou do bom momento do agronegócio brasileiro e admitiu que o desafio atual é a indústria. Disse que a intenção é criar condições para que o setor automotivo volte a produzir mais de 3 milhões de veículos por ano.
“O câmbio está adequado e a reforma tributária vai ajudar a indústria. No que diz respeito ao crédito, os juros futuros estão em queda e temos convicção de que a taxa Selic vai cair”, comentou o ministro, lembrando que o programa de incentivos ao setor é emergencical e transitório, criado para garantir um aquecimento do mercado enquanto não são retomadas melhores condições de financiamento.
No painel “A visão dos nossos CEOs sobre a eletrificação em 2035”, o último do seminário, a palavra previsibilidade foi citada várias vezes, assim como a defesa de um trabalho conjunto com o governo para garantir diferentes tecnologias de eletrificação no País.
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, destacou a tecnologia híbrido flex com etanol, adotada pela empresa no Brasil na linha Corolla de forma pioneira no mundo: “O País tem oportunidades inclusive para exportar tecnologias relativas à eletrificação. Não tem uma melhor que a outra. O que precisamos é de previsibilidade para investir e de competitividade”.
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Também o presidente da Iveco para América Latina, Marcio Querichelli, falou sobre a diversidade de tecnologias, citando a própria linha da marca que vai desde modelos Euro VI até soluções movidas a gás natural e biometano, além de eletricidade. O executivo destacou a importância da criação de políticas públicas, incentivos tributários e fomento a uma rede de fornecedores estruturada no Brasil:
“O caminho da descarbonização do transporte é uma batalha que não se vence sozinho. Temos uma matriz energética sustentável que nos favorece, mas precisamos ter mais eficiência na produção, contar com o apoio do governo e ter incentivos fiscais e tributários para criarmos uma cadeia nacional de fornecedores para a produção em escala de veículos elétricos no Brasil”.
Christopher Podgorski, da Scania na América Latina, também falou de previsibilidade e da necessidade de políticas claras para definir os rumos do setor automotivo no País. Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, aproveitou seu tempo para defender a tese de que o híbrido flex é o melhor caminho para o País no processo de eletrificação.
Na sua avaliação, a transição para o 100% elétrico será longa e a indústria brasileira tem outras tecnologias para explorar no contexto da descarbonização. A marca, como também já anunciaram Stellantis e Volkswagen, além da já citada Toyota, pretende seguir o caminho do híbrido no que tange à produção local.
Entre os demais participantes do painel com a visão dos CEOs no seminário da Anfavea estavam Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, e Mauro Correa, da HPE Motors, além de Santiago Chamorro, presidente da General Motors na América do Sul, que participou do evento de forma online.
Ele foi o único a criticar o híbrido flex, insistindo que o Brasil pode caminhar diretamente para a produção de veículos elétricos, posição já manifestada em outras ocasiões. Disse haver vários mitos sobre os elétricos e mostrou pesquisa indicando intenção do brasileiro de ter produto do gênero.
Mini Salão do Automóvel
Em espaço à parte no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, a Anfavea montou um mini Salão do Automóvel com 40 modelos de veículos elétricos ou híbridos. A GM mostrou a Blazer elétrica de forma camuflada, prometendo trazer o modelo para o Brasil ainda este ano. A Ford aproveitou para expor o Mustang elétrico e a Toyota apresentou quatro modelos, incluindo um Lexus elétrico e o Corolla-Cross híbrido flex (etanol).
A Stellantis, por sua vez, reuniu sete veículos de suas direrentes marcas: o híbrido Jeep Compass 4xe, os elétricos Fiat 500e, Peugeot e-208 GT e Peugeot e-2008, e os comerciais Fiat e-Scudo, Citroën ë-Jumpy e Peugeot e-Expert. Também na mostra modelos da Land Rover, Mercedes-Benz, Iveco e Renault, entre outras marcas.
Fotos: Divulgação/Anfavea
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