Apenas um ano e meio depois de criar seu programa global de inovação aberta e parcerias com startups, a Stellantis começa a colher os primeiros resultados práticos também aqui no Brasil.
Fomentada pelo Stellantis Ventures, fundo de capital do grupo que dispõe de € 300 milhões para o programa em todo o mundo, a iniciativa já tem base de dados de 3,5 mil startups para relacionamento, discussões e projetos e 110 contratos efetivamente fechados e até implementados.
“Na América do Sul, são 30 contratos, praticamente o mesmo número alcançado na Europa. O que demonstra o potencial de inovação da nossa região”, enfatiza Marina Lima, responsável por Inovação Aberta da Stellantis na América Latina.
E, reforça a executiva, em particular no Brasil, onde o Ventures Studio, o braço de relacionamento do grupo com as startups, tem no Cubo Itaú, em São Paulo, e o FiemgLab4.0, em Belo Horizonte, seus principais canais — e que se alinham a outras dez encubadoras na Itália, França, Estados Unidos, Índia, Suécia e Israel.
“Startups são a chave para avançar com as nossas ambições do Dare Foward 2030”, reforça Marina, em referência ao plano estratégico mundial da Stellantis que, dentre outros objetivos, pretende transformar a empresa da mais que centenária fabricante de veículos em desenvolvedora e fornecedora de mobilidade inteligente elimpa, e neutra em carbono até 2038.
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O serviço de nanolocação Flou de veículos elétricos Peugeot é um dos primeiros projetos decorrentes do programa de inovação aberta no Brasil. Lançado no fim do ano passado, na cidade de São Paulo, foi desenvolvido pela startup UCorp, surgida em 2019 e que criou plataforma online para reserva, pagamento e até recarga dos modelos e-2008 e e-208.
Nesses cerca de oito meses, o Flou já soma 15 mil downloads do aplicativo e perto de 4 mil locações, com média de 10 horas. Uma das diferenciações — e vantagem — do serviço que custa R$ 0,39 por minuto, além da taxa de saída de R$ 9,00, é a tarifa dinâmica: o valor do minuto é menor quando o carro está parado ou recarregando.
Com os resultados positivos da experiência paulistana, as parceiras já estudam estendê-la para outras cidades. E aprimorar o serviço, que ainda obriga o cliente a pegar e devolver o veículo em poucos pontos pré-definidos.
Além de ampliar o número de pontos para as revendas da marca, há estudos para permitir que o usuário, por exemplo, possa circular e depois deixar o veículo em uma zona definida da cidade, fora da qual a própria plataforma bloqueia o funcionamento.
A Stellantis também se beneficia de projetos de startups que aprimoram suas atividades internas, como o da AutoU, que desenvolveu um game para ajudar no treinamento, integração e colaboração entre todos os níveis de seus funcionários e que serve ainda para enfatizar e difundir os valores estratégicos da empresa.
Experiência piloto, realizada no ano passado, teve a participação de 22 mil pessoas e alta adesão até mesmo em áreas nas quais o tempo ou uso de smartphones e computadores é naturalmente limitado, como nas áreas de manufatura.
É também na linha de montagem que foi adotada ferramenta tecnológica criada pela Embeddo, outra startup brasileira. Há cerca de três meses, os montadores das portas dos veículos produzidos na fábrica de Porto Real, RJ, não precisam mais “adivinhar” o melhor ajuste para elas.
Provocada pela Stellantis, a parceira desenvolveu software e hardware de sistema de análise do esforço de fechamento das portas, algo definido pela subjetividade do funcionário ao longo de mais de um século da indústria automobilística.
Agora a ferramenta da Embeddo, consegue, por meio de informações dos sensores e análise dos dados, estabelecer os mesmos padrões considerados ideais para a melhor avaliação e percepção do cliente, tecnologia deve ser adotada brevemente em outras fábricas da Stellantis.
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