Quando se fala no mercado de marcas premium no Brasil, instantaneamente surgem nomes como BMW, Mercedes-Benz, Audi e Volvo, por exemplo. As esportivíssimas Ferrari, Lamborghini e Porsche, por seus mais que justificáveis diminutos volumes, não são incluídas na maioria das análises.
Esse quase tradição, contudo, esta sendo quebrada de maneira inapelável em 2023. A marca alemã fabricante do lendário 911 e que tem veículos com preços a partir de R$ 600 mil a até mais de R$ 2 milhões, está acelerando como nunca no mercado brasileiro, segundo a Fenabrave.
Na corrida atrás dos abastados clientes, a Porsche já aparece em posição inédita desde a constituição da operação brasileira, em 2015, e no miolo do grid que reúne ainda nomes como Land Rover, Jaguar, e Lexus.
Com 2.658 licenciamentos acumulados nos primeiros seis meses do ano, superou a Mercedes-Benz — frequentadora costumeira dos três primeiros lugares — e aparece como a 16ª marca de automóveis mais vendida do Brasil, à frente também da Mitsubishi e Land Rover.
Uma 16ª colocação que, é b om enfatizar, por bem pouco não foi 15ª. A Audi, concorrente imediatamente à frente, somou 2.874 carros vendidos e em três dos seis primeiros meses do ano foi superada pela Porsche.
A diferença de emplacamentos entre elas equivale a apenas duas semanas de vendas, considerando a média mensal de 443 veículos negociados pela Porsche ao longo do primeiro semestre — com pico de 613 unidades em março.
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Caso mantenha em julho e agosto essa média, ingressará já em setembro com o maior volume em oito anos, ao superar o recorde de 3,2 mil veículos do ano passado.
Em 2021, a marca já havia superado a casa de 3,1 mil licenciamentos, um salto de 27% sobre 2020 (2,4 mil) e ainda maior sobre o patamar verificado nos cinco anos anteriores, quando as vendas trafegaram entre 1 mil e 1,9 mil unidades anuais.
Consultada por AutoIndústria, a Porsche Brasil, em nota, creditou os números ascendentes à equação da expansão do número de concessionárias — agora 13 pontos em nove estados e no Distrito Federal — mais ampliação de serviços financeiros e de pós-venda, além de intenso programa de teste drives.
“Resultados contínuos como esses são frutos de um plano de desenvolvimento estruturado. Temos um sólido planejamento de expansão da rede. Desde 2015, adicionamos novas localidades – como Belo Horizonte, Goiânia, Fortaleza, dentre outras”, afirma a empresa, que, junto com os próprios concessionários, já investiu R$ 32 milhões na preparação da estrutura de carregamento e suporte a modelos eletrificados.
A Porsche não revela sua expectativa de vendas para 2023. Politicamente, afirma que a “ambição é continuar crescendo, de maneira moderada” e “buscar balanço entre oferta e demanda”, priorizando crescimento com qualidade em vez de apenas o aumento dos licenciamentos
Segundo a Fenabrave, o modelo da marca mais vendido em 2023 é o renovado Cayenne. Oferecido em três versões e preços a partir de R$ 810 mil, o SUV somou 990 licenciamentos, seguido do crossover Macan, com 752 unidades entregues aos consumidores finais de janeiro a junho e que liderou as vendas no ano passado, com mais de 1 mil licenciamentos.
Sobe-e-desce no segmento
A evolução dos licenciamentos da Porsche chama atenção também quando se observa que, na mesma comparação semestral, as principais concorrentes premium cresceram bem menos ou viram seus licenciamentos encolherem.
Com vários modelos montados em Santa Catarina, a BMW, líder dessa faixa de mercado nos últimos anos, passou de pouco mais de 6,7 mil unidades no primeiro semestre de 2022 para menos de 6,4 mil, queda da ordem de 5%, mesmo patamar de recuo registrado pela histórica rival Mercedes-Benz.
Já a Volvo acumulou quase 4 mil emplacamentos, avanço de 57%, a segunda maior evolução atrás da Porsche. A Audi, que retomou a montagem no Paraná em CKD do Q3, também teve relevante evolução de 47%, enquanto a Land Rover cresceu menos, 23%.
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