Só se fala em SUV e lançamentos de mais SUVs. Mas ainda que os utilitários esportivos sejam a tendência predominante em todo o mundo, as marcas generalistas e líderes no Brasil não têm colhido seus maiores volumes de vendas no segmento, sabidamente de melhor rentabilidade.
O que se vê no caso das cinco primeiras montadoras do ranking, responsáveis por mais de 70% das vendas de veículos leves no País, são licenciamentos diversificados, com os modelos mais negociados — nenhum deles SUV — quase sempre respondendo por no máximo um quarto do total.
Fiat, Volkswagen, General Motors, Toyota e Hyundai colheram a maior parte dos emplacamentos entre hatches, sedãs e até picapes. Dos 811,6 mil automóveis e comerciais leves que negociaram conjuntamente de janeiro a julho, apenas 228,3 mil foram SUVs, 28% do total.
Considerados os licenciamentos de todas as 21 marcas listadas pela Fenabrave, a participação média dos SUVs é bem superior, 36,6%. Dessa lista, é bom frisar, algumas só atuam no segmento, como a Jeep, que, com 75,1 mil veículos em sete meses, tem peso relevante nessa conta.
Dentre o quinteto, a líder Fiat é uma das que menos dependem do sucesso dos utilitários esportivos. Seu “carro-chefe” de vendas segue sendo a Strada. A picape compacta acumula 60,9 mil licenciamentos, 24,2% dos automóveis e comerciais leves da marca licenciados de janeiro a julho.
Os hatches Argo e Mobi, com 39 mil unidades cada, compuseram, somados, outros 31% do total, enquanto os dois SUVs da marca, Pulse e Fastback, respectivamente, quinto e sétimo colocados entre os Fiat, formam fatia bem inferior: 18,5% dos emplacamentos apenas, com 46,6 mil veículos.
A terceira colocada General Motors contabilizou 178,7 mil licenciamentos no ano, com forte colaboração da linha Onix. Só a versão hatch representou três de cada dez veículos Chevrolet negociados: 54,4 mil unidades ou 30,4%. Acrescidos os negócios com a configuração sedã, a participação da família Onix salta para 96,5 mil licenciamentos ou 53,9% do total da marca.
Já seus três utilitários esportivos têm números bem mais discretos e, com 37,6 mil emplacamentos, representaram 21% dos emplacamentos. A quase totalidade do Tracker, utilitário esportivo de entrada que alcançou 34,4 mil unidades, 19,2% das vendas.
Quarta e quinta colocadas, Toyota e Hyundai são as que têm as maiores participações dos SUVs em suas vendas dentre as cinco primeiras marcas.
A montadora japonesa superou 105 mil veículos licenciados até julho, mas é a que registra vendas mais bem distribuidas entre seus produtos. Entre seus seis modelos, cabe à picape Hilux a ponta das vendas, com 25,9 mil licenciamentos, 24,5% do total da marca.
Bem próximos, aparecem com 23,8% o SUV Corolla Cross (25,2 mil) e o sedã Corolla (23,7 mil), com 22,4% dos negócios. Yaris hatch e sedã respondem conjuntamente por 20,9%.
Considerando os 8,1 mil licenciamentos o utilitário esportivo argentino SW4, correspondentes a 7,7% de participação, os SUVs representaram 31,5%, ainda assim abaixo da média do mercado total.
Atualmente com somente três modelos de volume oferecidos no Brasil, todos nacionais, a Hyundai viu 48% de seus quase 96,2 mil emplacamentos ate julho dependentes do hatch HB20 (46,1 mil) e perto de 15% do HB20 sedã (14,3 mil).
O Creta, único SUV da marca aqui — o Tucson, montado e oferecido pela CAOA Hyundai, tem números desprezíveis desde meados do an o passado — acumulou 35,3 mil unidades negociadas. Precisamente, os mesmos 36,6% de particpação dos SUVs no mercado total.
Ofensiva SUV que gerou exceção
A Volkswagen, segunda marca do ranking atrás da Fiat, é a exceção. Os SUVs, segmento do qual chegou à liderança em 2023, depois de três lançamentos em cinco anos, têm participação acima da média do mercado, com T-Cross, Nivus e Taos respondendo por 42% (75,6 mil) dos licenciamentos acumulados nos primeiros sete meses.
Apesar disso, não impediram que o Polo assumisse a condição de modelo mais negociado. Com 54,2 mil unidades, o hatch respondeu sozinho por 30,1% das entregas, contra 22,5% do T-Cross, hoje também o utilitário esportivo mais vendido no País.
A Volkswagen, assim, confirma a regra de que os SUVs são importantes, mas não a principal razão para se estar na parte de cima do mercado brasileiro.
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Foto: Divulgação
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