Lá se vai uma década desde que o primeiro 208 chegou às ruas brasileiras. Nesse período, o compacto da Peugeot acumulou 162 mil unidades licenciadas, número para lá de discreto assim como sua participação no segmento de hatches compactos, onde, desde então, apareceu quase sempre entre a oitava e décima posições no ranking elencado pela Fenabrave com uma dúzia de veículos.
O melhor resultado comercial foi alcançado no ano passado, quando o 208 superou 29,9 mil licenciamentos — quase 20% do total acumulado nos primeiros 10 anos — e apareceu na quarta colocação.
Razão: o início da oferta de versões de entrada mais baratas com a adoção do motor 1.0 aspirado Firefly originário da Fiat, marca irmã e líder da Stellantis no Brasil. Antes a Peugeot só oferecia o hatch com o veterano motor 1.6 oriundo da PSA, ainda no portfólio.
Pois é com outro “transplante” da linha Fiat que a Peugeot pretende dar um novo salto nos licenciamentos do 208. Esta semana, oficialmente, foram apresentadas as versões topo da linha 2024 com o motor 1.0 turbo de três cilindros já presente em modelos Fiat, como os SUVs Pulse e Fastback, e desde o mês passado na picape Strada.
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São três opções — todas com câmbio CVT que simula sete velocidades, pela primeira vez adotado em um Peugeot no mercado nacional — e preços que podem, sim, aguçar o interesse dos consumidores. A mais em conta, Allure, tem preço promocional a partir de R$ 99.990. A intermediária Style custa R$ 109.990 e a superior, Griffe, R$ 114.990.
O novo motor do 208 tem injeção direta de combustível e desenvolve 130 cv de potência com etanol e 125 cv com gasolina. Segundo a marca, quando abastecido com etanol, acelera de 0 a 100 km/h em 9 segundos. As duas versões mais baratas têm consumo declarado de 8,8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com etanol.
Segundo a Stellantis, a adequação do novo motor para o hatch Peugeot exigiu mais de 1 milhão de quilômetros rodados em testes e os números de eficiência energética alcançados permitiram redução de 2% na alíquota do IPI, de acordo com as metas estabelecidas pelo programa Rota 2030.
Já a partir da Allure o 208 dispõe, de série, de 4 airbags, ar-condicionado digital, multimídia com tela de 10,3 polegadas, câmera e sensor de estacionamento traseiros, controle de cruzeiro com limitador de velocidade.
Por mais R$ 5 mil, o cliente pode levar o Pacote Excellence, que inclui teto panorâmico, bancos de couro, chave presencial, carregador de celular sem fio e outros recursos que já estão presentes de série na Style e que sai de fábrica também com faróis de LED, câmera de ré com visão 180 graus e painel de instrumentos digital.
A topo Griffe incorpora todos os itens das versões mais baratas mais sensor de chuva, comutação e acendimento automático dos faróis, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, detector de fadiga e assistente de permanência em faixa.
Marca perdeu mercado
Com a chegada das três versões turbo, a Peugeot passa a dispor de sete alternativas do 208. Resta saber qual o mix de vendas projetado pela marca a partir da adoção da motorização turbo e se haverá impacto, com alguma canibalização, no restante da linha.
O cliente estará disposto a arcar com pelo menos R$ 24 mil a mais para comprar a Allure turbo em vez da Like 1.0 com câmbio manual (R$ 75.990)? O desempenho superior e o conforto do câmbio CVT, em particular, serão tão irresistíveis?
A Peugeot encerrou os primeiro oito meses com 21,9 mil unidades emplacadas e 1,6% de participação em automóveis e comerciais leves. Exatamente um ano antes, acumulara 29,5 mil unidades e fatia de 2,4%.
O recuo de 25% em mercado que, na média, avançou 10,9% no mesmo período, sugere que os 208 turbo terão que acelerar, e muito, os negócios da marca e, tão importante quanto, não atropelar os aspirados.
Foto: Divulgação
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