Se os executivos das montadoras tivessem que eleger o “calcanhar de Aquiles” do setor em 2023, com certeza indicariam as exportações como forte candidato. Nesta sexta-feira, 6, a Anfavea mostrou o porquê, após refazer suas projeções para os embarques no ano.
Agora os fabricantes esperam que não mais do que 420 mil veículos brasileiros sejam vendidos em outros países ao longo dos doze meses de 2023. O número é 12,7% menor do que as 481 mil unidades registradas no ano passado e que representaram uma forte reação ante 2020 e 2021.
Mas, confirmada a nova estimativa, as exportações ficarão abaixo até de 2019, último ano pré-pandemia. Naquele ano, os 433,5 mil embarques efetuados representaram um tombo próximo de 31% sobre 2018, quando foram vendidos em outros mercados 629 mil produtos.
Inicialmente, a entidade já não esperava um grande desempenho da atividade este ano, tanto que em janeiro apontou ligeiro declínio de 2,9%, para 467 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus exportados.
Mas as unidades exportadas de janeiro a setembro supreenderam negativamente. No período, foram vendidos no exterior 322,9 mil veículos, 11,2% abaixo dos embarques de igual período do ano passado. Fica, contudo, o alento do faturamento de US$ 8,5 bilhões, 11,7% maior.
Em setembro, somente 27,4 mil unidades cruzaram as fronteiras. Foi o pior desempenho mensal desde setembro de 2021, quando ainda a pandemia da Covid-19 atrapalhava o fluxo de mercadorias e pessoas.
Márcio Leite, presidente da Anfavea, indica encolhimento significativo dos mercados de destino como principal fator para o declínio da atividade. Destaca, sobretudo, Colômbia e Chile, com quedas, respectivamente, de 32% e 29% no acumulado do ano, além da Argentina, cujas vendas internas encolheram 16%.
“É uma situação que preocupa o setor. O maior desafio para a indústria do Brasil, que vem perdendo participação na América do Sul para produtos de outras regiões”, afirmou Leite.
Para contornar o descréscimo das exportações, o presidente da Anfavea defende mudanças estruturais que possam contornar aspectos que restringem a capacidade dos veículos brasileiros competirem em outros mercados.
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“Precisamos aumentar acordos bilaterias, diminuir restrições de comércio, eliminar cotas, diminuir o ‘Custo-Brasil’, limitador natural das exportações. É fundamental desonerar totalmente as exportações. O Brasil hoje exporta tributos.”
Leite cita ainda as muitas diferenças técnicas e regulatórias que reduzem a competitividade dos veículos brasileiros no comércio com países vizinhos, sejam elas de segurança, emissões ou burocráticas.
“São questões que a indústria brasileira precisa trabalhar em conjunto com as autoridades, caso o Brasil, de fato, deseja ser um player mundial do setor automotivo ou mesmo na América Latina.”
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