O virtual título da Volkswagen de marca de SUVs mais vendida no Brasil foi facilitado pela queda de desempenho do Renegade, primeiro Jeep nacional e que já cumpriu seu oitavo ano nas revendas. Utilitário esportivo mais vendido em 2019 e 2021 e que alavancou como nunca a presença da marca no País, as vendas do modelo despencaram em 2023.
Em onze meses, foram registrados somente 44,1 mil emplacamentos ante 51,4 mil de igual período do ano passado. O recuo da acima de 14% contrasta com o crescimento de 13% do segmento e também do mercado interno, da ordem de 8,5%.
No ranking do ano, o SUV compacto aparece agora na sétima posição, a pior de sua trajetória. Mas em novembro, com 3,2 mil licenciamentos, foi apenas o 11º colocado.
Fim da trilha na América do Norte
Para tornar o momento menos ainda favorável, esta semana a conceituada publicação internacional Automotive News diz ter ouvido de fonte da própria Stellantis que o Renegade não será mais oferecido nos Estados Unidos e Canadá a partir de 2024.
A montadora teria optado por fazer do Compass seu SUV de entrada na região, um modelo de maior porte, mais ao gosto dos consumidores locais. Aqui também o Compass tem feito mais bonito no mercado, lidera entre os utilitários esportivos médios e somou 55,2 mil licenciamentos até novembro.
Sorte da fábrica de Goiana, PE, que Estados Unidos e Canará são mercados abastecidos pelos Renegade fabricados na Itália. Da unidade de Melfi, sai também o Fiat 500X, que utiliza a mesma plataforma e estaria igualmente com os dias contados, segundo publicações especializadas.
Na América do Norte, onde chegou em 2014, o Renegade vinha colecionando seguidos decréscimos nas vendas. O recorde, pouco mais de 100 mil unidades negociadas, foi alcançado logo no começo, em 2017, e desde então, sem grande evoluções técnicas ou estilísticas, seguiu ladeira abaixo. Este ano deve somar algo com 21 mil veículos vendidos.
A Automotive News afirma, contudo, que o Renegade seguirá em vários mercados, com produção no Brasil, na China e Europa. A conferir se assim será mesmo.
Muito pouco também aqui
Coincidência ou não, além das vendas em baixa aqui — queda que pode ser atribuída em parte também ao fogo amigo dos SUVs da marca-irmã Fiat, com vendas ascendentes —, o Renegade também tem sido alvo de muito pouco investimento desde que começou a ser produzido em Pernambuco.
A rigor, recebeu mais melhorias cosméticas — como nos faróis, lanternas, para-choques, grade dianteira e rodas — e alguns recursos tecnológicos de segurança e conectividade. A grande mudança técnica mesmo foi a adoção, no ano passado, do motor 1.3 turbo flex em substituição ao beberrão e ultrapassado 1.8 ETorq, originário da linha Fiat.
Projeto de mais de uma década, o Renegade precisará bem mais do que um novo facelift, ainda que caprichado de rápido, para voltar aos bons tempos de vendas, suplantar concerrentes mais jovens e retomar protagonismo do segmento, lá fora ou aqui.
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Foto: Divulgação
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