Empresa acumula crescimento médio da receita de 18% ao ano desde 2010
A Ioschpe-Maxion faturou mundialmente R$ 11,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2023. O resultado sugere que a multinacional brasileira de rodas e componentes estruturais deve alcançar receita este ano muito próxima aos R$ 16,9 bilhões apurados em 2022. Talvez pouco coisa inferior.
Marcos Oliveira, CEO do conglomerado que conta com 33 fábricas em 14 países, não faz projeções. Mas caso não supere o resultado do ano passado, será apenas a segunda vez nos últimos reze anos que a empresa não registrará aumento no faturamento. A primeira em 2020 e pela óbvia motivação dos desarranjos industriais, logísticos e comerciais globais gerados pela pandemia.
Naquele ano, foram faturados quase R$ 8,7 bilhões ante R$ 10 bilhões do ano anterior. Em 2010, porém, a receita era de apenas R$ 2,2 bilhões. Desde então o crescimento médio anual do faturamento foi de 18%, seja organicamente, mas também por aquisições, novos produtos, segmentos e fábricas.
Boa parcela — se não a maior — da escorregadela de 2023 na trajetória ascendente da década se deve a uma dificuldade com nome e sobrenome: a produção brasileira de caminhões. O segmento, que responde por cerca de 55% dos negócios da empresa no País, acumulou queda de produção próxima de 40% até novembro.
A Ioschpe-Maxion já esperava algum recuo por conta da entrada em vigor da legislação Euro 6 de emissões, que tornou os veículos mais caros e impulsionou a antecipação das compras dos transportadores para o fim de 2022, além dos juros elevados. Mas o índice supreendeu negativamente. “Falava-se em 15% ou 20%”, recorda Oliveira.
Com a queda acentuada no Brasil, principal mercado na região, a América do Sul perdeu parte de sua fatia no ranking mundial de negócios da empresa. Se até 2022 respondia por mais de 30%, nos primeiros onze meses de 2023 aparece apenas na terceira colocação, com 26,5%, atrás dos 35% da Europa e 29% da América do Norte. Fica apenas à frente da Ásia, origem de 9% da receita.
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Oliveira, contudo, aposta que já em 2024 a América do Sul retomará o caminho do crescimento e tende a voltar, no futuro, a brigar por índices próximos a um terço da receita. Isso porque confia nas projeções da Anfavea de que a produção de caminhões deve se elevar para cerca 160 mil unidades já no ano que vem, 30% a mais do que em 2023.
A estimativa é um alento para a empresa, que acaba de concluir investimento de R$ 100 milhões na fábrica de Cruzeiro, SP, dedicada à fabricação de rodas para veículos pesados, inclusive agrícolas. O recurso permitiu aumento da capacidade da ordem de 20% ou 400 mil rodas a mais para caminhões e 110 mil para tratores e outras máquinas agrícolas.
O crescimento esperado da produção brasileira de veículos em 2024, ainda que bem menor no caso dos veículos leves e na média, também ajudará a operação industrial da Ioschpe-Maxion na Argentina.
A produção de componentes estruturais no País vizinho depende quase que integralmente das exportações para as montadoras brasileiras ou tem como destino a fabricação local de picapes, mas que na maioria também seguem para o Brasil.
Prioridades no exterior, por enquanto
Mesmo com este cenário e a expectativa de que os juros seguirão caindo o PIB crescerá e de que o Brasil pode acelerar obras de infraestrutura no próximo ano e além, novos investimentos em capacidade produtiva estão descartados, por enquanto.
As linhas dedicadas a rodas para veículos leves têm trabalhado em dois turnos, com cerca de 80% da capacidade produtiva instalada. “Caso necessário, antes de investir em ampliação, podemos aumentar o ritmo de trabalho ainda com dois turnos ou adotar um terceiro. Temos muita flexibilidade.”
Em 2024, a prioridade da empresa será encaminhar a construção de fábrica de rodas de alumínio forjado para caminhões na Turquia, cuja início de operação é previsto para 2025, e a expansão da unidade de componentes estruturais de Castaño, no México.
Simultaneamente, estará acelerando a produção de rodas de alumínio para veículos leves na unidade construída em parceria com a Dongfeng na China e que poderá fabricar até 2 milhões de unidades anuais, boa parcela para veículos elétricos.
Foto: Divulgação
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