Sozinhos, alguns veículos respondem pela grande maioria das vendas de suas marcas
É para lá de óbvio que os veículos mais vendido são também os mais importantes no balanço das montadoras quer atuam em vários segmentos, as generalistas. Mas em muitos casos os modelos líderes de vendas têm muita mais relevância do que se pode imaginar.
São o que se pode chamar de “bala de prata”, o tiro que não se pode errar. Sem esses produtos, algumas marcas praticamente sumiriam do mercado ou mudariam drasticamente de status, passando a ter presença quase que somente em nichos.
Os exemplos de 2023 que mais evidenciam essa perigosa dependência comercial de um único produto curiosamente são de duas marcas irmãs. Citroën e Peugeot, ambas pertencentes à Stellantis, estiveram vitalmente atreladas ao desempenho de mercado do C3 e do 208, respectivamente.
Em 2023, os dois hatches responderam igualmente por cerca de 82% das vendas totais de automóveis e comerciais leves das duas marcas. Do total de 32,3 mil licenciamentos da Citroën, 26,6 mil unidades deveram-se ao C3. Já o 208 acumulou 28,6 mil dos 34,9 mil emplacamentos da Peugeot.
Os 18% restantes de cada marca, portanto, representaram vendas médias anuais quase marginais de 1,9 mil unidades de cada um dos outros três modelos da Citroën ou de não mais do que 1,3 mil/ano dos demais cinco produtos da Peugeot.
Sem ambos as duas marcas francesas replicariam o desempenho comercial, por exemplo, da luxuosa Mercedes-Benz, que deixou de produzir no País há três anos e hoje amarga a última posição entre as marcas de automóveis premium, com somente 5,8 mil veículos vendidos no ano passado.
Marca | Modelo | % |
Citroën | C3 | 82 |
Peugeot | 208 | 82 |
Nissan | Kicks | 70 |
Honda | HR-V | 67 |
Renault | Kwid | 50 |
Hyundai | HB20 | 48 |
Jeep | Compass | 48 |
Volkswagen | Polo | 33 |
General Motors | Onix | 31 |
Fiat | Strada | 25 |
Toyota | Corolla | 22 |
Com participação apenas pouco menor, o Kicks seguiu literalmente como o carro-chefe da Nissan no Brasil em 2023. Com 50,8 mil unidades, o SUV compacto representou 70% dos quase 72,6 mil automóveis e comerciais leves negociados pela marca japonesa.
O índice é sememelhante ao de 2022, mas muito acima dos 56% de 2021 ou de anos anteriores, quando ainda produzia e vendia o hatch March aqui, além do Versa.
Peso parecido teve o novo HR-V nos licenciamentos da Honda. O SUV alcançou 48 mil registros, o equivalente a 67% dos automóveis negociados pela marca em 2023.
Esse desempenho chama ainda mais atenção quando se sabe que o utilitário esportivo renovado cumpriu apenas seu primeiro ano integral de mercado.
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Pois nenhum nem outro fez “cócegas” no irmão maior e mais caro. O sedã somou 11,8 mil licenciamentos e o hatch, 10,8 mil. Na prática, para cada City ou City Hatch vendido, a Honda negociou outras quatro unidades do HR-V.
Já a Renault amealhou exataente a metade dos seus 126,7 mil licenciamentos somente com o compacto Kwid, enquanto a Hyundai deveu ao HB20 cerca de 48% de seus emplacamentos, mesma participação do Compass dentro da linha Jeep.
Líderes dependem (bem) menos
Fiat, Volkswagen e General Motors, as marcas que, nessa ordem, mais vendem no Brasil, dependem muito menos do desempenho comercial de um modelo específico.Tanto que o Polo, carro mais vendido do Brasil e que teve 111,2 mil unidades licenciadas, representou somente 33% dos 345 mil veículos Volkswagen que chegaram às ruas no ano passado.
No caso da General Motors, o Onix, com 102 mil licenciamentos, tem índice ainda menor, 31%, enquanto o veículo mais emplacado do País, a picape Strada, alcançou 120,6 mil unidades, somente 25% do total da Fiat, a marca líder pelo terceiro ano consecutivo.
Menos que isso só os 22% que o Corolla representa das vendas da Toyota, a quinta marca que mais vende.
São bons indicativos de que, apesar das maiores complexidades industrial e comercial, a diversidade de portfólio mais ajuda do que atrapalha montadoras e marcas.
Foto: Divulgação
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