Indústria

Renault e Volkswagen negociam parceria em veículos elétricos

Luca de Meo, CEO do grupo francês, defende ainda compartilhamento de projetos com outras montadoras europeias

Renault e Volkswagen, duas das maiores montadoras europeias, estão negociando parceria em torno de um veículo elétrico a bateria barato, essencialmente urbano, um subcompacto. A informação, revelada esta semana no Salão de Genebra, Suíça, é de ótima procedência: o próprio CEO da Renault, Luca de Meo.

De Meo, também presidente da Acea, a associação das fabricantes de veículos da Europa, não nega sua preocupação com o encaminhamento do mercado e da produção de automóveis elétricos na região e até conclamou outras montadoras a estabelecerem parcerias semelhantes com a Renault.

“Estamos abertos [a acordos]. Temos capacidade produtiva, plataforma e sabemos como fazer”, afirmou o executivo, que vê em veículos locais de entrada, com preços próximos ou similares aos movidos a combustão interna, como essenciais para ganhos de escala, o que aumentaria o poder de competitividade ante a crescente oferta chinesa.

 

Carros como, por exemplo, o Renault Twingo (acima), que deve debutar nas lojas em no máximo dois anos e cujo preço imaginado seria abaixo de € 20 mil. Durante a apresentação do modelo conceito, no ano passado, a Renault já admitira que o projeto poderia dar origem a modelos de marcas de outras montadoras.

A mostra de Genebra, de volta após longos cinco anos de interrupção, quase que sintetizou bem esse momento de desafios para os fabricantes europeus. Apenas Renault e Dacia, ambas do mesmo grupo, fizeram frente às chinesas BYD e a SAIC. As demais grandes montadoras europeias não participaram do salão.

A grande novidade da exposição foi mesmo o elétrico Renault 5 E-Tech, que deve chegar às ruas somente no último trimestre de 2024 por preço estimado de não menos do que € 25 mil.

Exposta quase ao lado dele, a atualização estética do elétrico Dacia Spring, o Kwid E-Tech no Brasil, que já chegou a ser oferecido na Europa por cerca de € 20 mil, mas com bônus e produzido integralmente na … China!

Assim, sem uma profusão de lançamentos e pirotecnias tecnológicas, foi fácil para De Meo, em entrevista coletiva no primeiro dia do salão, catalizar as atenções para a “ameaça externa” e a necessidade de articulação da indústria local.

Ainda mais quando propôs a constituição de uma espécie de consórcio “Airbus” automotivo, em especial para o segmento de veículos elétricos mais acessíveis, urbanos sobretudo, para o qual defendeu distinção tributária e flexibilização em legislações como as de circulação.

Cancelamento de IPO

De Meo torce para que as tratativas com a Volkswagen se constituam no embrião da parceria regional que envolva ainda outras fabricantes, além de uma robusta cadeia de fornecimento de baterias, motores elétricos e componentes eletrônicos. “O objetivo é obter tudo na Europa a um preço competitivo”, assinalou.

Parte da origem desse movimento associativo pode ter sido registrada há pouco mais de um mês. Coincidência ou não, com intervalo de praticamente uma semana em janeiro, tanto Renault como Volkswagen recuaram dos planos de realizarem oferta pública inicial, as famosas IPO na sigla em inglês, de suas respectivas divisões de veículos elétricos Ampere e PowerCo.

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→ Grupo Renault cancela IPO da Ampere

→ Salão de Genebra volta após cinco anos com pouca adesão


Foto: Divulgação

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Publicado por
Redação AutoIndústria

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