Acordo de Cooperação de Baixo Carbono para o Brasil nasce para contribuir com a redução das emissões a partir do potencial e das vantagens disponíveis no País
O Brasil ganhou um reforço relevente para as discussões e as ações endereçadas à mobilidade sustentável com a criação do Acordo de Cooperação de Baixo Carbono para Brasil (MBCB). No pacto participam atores da longa cadeia do transporte, desde a indústria de veículos, passando por autopeças, sindicatos de trabalhadores, entidades de tecnologia e engenharia, além de produtores do setor de bioenergia.
Em demonstração da força que representa, o MBCB em parceria com a Esfera Brasil, organização promotora de eventos, levou para o palco Os Caminhos para a Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil. O seminário, realizado em Brasília (DF), na terça-feira, 19, trouxe autoridades públicas do Legislativo e do Executivo, além de representantes de empresas e entidades para debater o tema, atualizar as iniciativas em andamento e jogar luz no futuro.
Descarbonizar com a industrialização e justiça social
Dentre todos os participantes é unânime o entendimento de que o Brasil tem todas as condições de protagonizar a transição energética nos transportes, aliando iniciativas que promovam fortalecimento da economia, reindustrialização e geração de empregos. “É uma janela de oportunidades extraordinária para o Brasil”, resumiu Aloísio Mercadante, presidente do BNDES durante apresentação no seminário. “O ambiente é promissor para estabelecer relações mais estreitas entre a política, o estado e a indústria.”
O dirigente lembrou de linhas de crédito disponíveis para acelerar a transição, como os R$ 5 bilhões em operações já aprovadas para financiar projetos de inovações ou mesmo a meta de R$ 300 bilhões até 2026 em financiamentos e subsídios do plano Nova Política Industrial (NIB). “Os recentes anúncios de investimentos da indústria automotiva não vieram por acaso. O governo agiu ao voltar a tributar os importados elétricos e ao oferecer previsibilidade com o programa Mover.”
Expertise em biocombustíveis
Dentre o potencial e as condições do Brasil no processo de descarbonizações está a expertise do biocombustível. Antes considerado “jabuticada”, o etanol se mostra como uma das receitas para mitigar de maneira rápida e eficiente a emissão dos gases de efeito estuda (GEE). “O País ainda tem capacidade para desenvolver novas soluções em biogás e diesel verde, rotas tecnológicas possíveis de serem replicadas no exterior”, observou o professor Luciano Coutinho.
O ex-presidente do BNDES e hoje à frente da LCA Consultores aproveitou o seminário para apresentar o Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade, estudo inédito encomendado pelo MBCB realizado pela LCA e MTempo Capital.
Prevalência de híbridos na produção apresenta ampla vantagem
O levantamento parte do cenário da frota atual e avalia os possíveis desdobramentos provenientes dos caminhos escolhidos para transição energética. “Para discutir descarbonização é preciso olhar toda a cadeia, o conceito do berço ao túmulo. Ou seja, medir as emissões desde a extração da matéria-prima ao descarte do veículo no fim de sua vida útil”, pontou o professor.
Em uma análise comparativa de cenários a partir de rotas de eletrificação até 2050, chama atenção os impactos econômicos determinados pela convergência entre híbridos e puramente elétricos. No caso da primeira, os resultados obtidos se apresentam com ampla vantagem na produção, no PIB e no emprego, enquanto uma trajetória que coloca foco em modelos à bateria promoveria perdas substanciais.
“O estudo não é projeção, mas considera a inexistência de subsídios, previsibilidade das políticas públicas, segurança jurídica, maximização de sinergias e liberdade de escolha na rota tecnológicas por parte da indústria”, revela Coutinho. “Cabe lembrar que baterias ainda estão em desenvolvimento e nenhum sinal de que poderão ser produzidas aqui. Depois, o elétrico reduz a cadeia de suprimentos, por exigir menos peças e partes.”
O MBCB já reúne mais de 25 instituições e empresas: ABiogás, Abipeças, AEA, Alcopar, Bioind, Biosul, Bosch, Bruning Tecnometal, BYD, Conarem, Copersucar, Cummins, IndustriALL Brasil, John Deere, MAHLE, MWM Motores e Geradores, SAE BRASIL, Scania, SIAMIG, SIFAEG, Sindaçúcar, Sindalcool, Stellantis, Toyota do Brasil, Tupy, Unica e Volkswagen do Brasil.
Foto: Divulgação
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