Valores recuaram enquanto as vendas aumentaram
Oano passado foi agitado para o mercado de automóveis, com a aceleração de volumes de 131 mil em janeiro até 237 mil unidades comercializadas em dezembro. Contribuíram para isso a plena disponibilidade de produtos, redução gradativa da taxa de juros e o incentivo oferecido pelo governo no meio do ano. Em 2023 foram negociados 2,18 milhões de veículos, resultado ainda distante dos 2,67 milhões de 2019, período anterior à pandemia.
A tabela abaixo, extraída da plataforma Preço de Referência do Mercado, PRM, da Bright Consulting, mostra os índices de hatchbacks e SUVs, além da média geral dos aumentos dos preços de transação dos veículos novos nos últimos doze meses.
As fortes elevações em março de 2023 retrocederam no restante do ano, deixando tudo no zero-a-zero. Na média geral, o aumento de preços acumulado nos últimos doze meses corresponde apenas aos pequenos aumentos no preço de transação de novos de janeiro e fevereiro de 2024 e que os clientes aceitaram e transformaram em um expressivo crescimento de volume de vendas versus 2023. Para os hatchbacks, os dados não são tão favoráveis e seus preços recuam.
Em outras palavras, os preços médios de transação avançaram pouco e os volumes, bastante.
A Bright Consulting também monitora os preços públicos, nos quais os veículos novos registraram grandes aumentos de 2020 a 2022, com guerra de preços se iniciando em 2023. Mesmo assim, eles seguem crescendo em 2024. A tabela abaixo traz esses números com justificativas e explicações que se seguem:
2019 – Mercado estável com preços públicos em equilíbrio com a inflação.
2020 – Primeiro ano da pandemia, com aumento no preço das commodities. Com os impedimentos à circulação e ao lazer, os investimentos para a renovação do veículo impulsionaram uma rápida recuperação do mercado. Preços sobem.
2021 – A crise logística e a falta de componentes, principalmente semicondutores, causaram uma carência de veículos, que teve seu ápice em agosto, junto com uma nova recuperação dos preços públicos e concentração de vendas no showroom, mais lucrativo para montadoras e concessionários. Renovação de frota das locadoras ficou “para depois”.
2022 – Estabilização do fornecimento de componentes e reinício das negociações com locadoras a partir de maio, com forte aceleração a partir desse momento.
2023 – Voltam as promoções e descontos, a partir de preços de lista cheios, “com gordura para queimar”. Essas promoções aparecem como estabilidade na tabela de preços de transação acima, mesmo após os aumentos de preços públicos.
2024 – Os preços públicos continuam aumentando bem acima da elevação dos preços de transação, o que significa mais e mais incentivos aplicados pelas montadoras. Até quando?
Dessa forma, comprovamos que os preços dos veículos novos se encontram novamente em equilíbrio depois de tantas ações aceleradoras e inibidoras como a pandemia, crise logística e falta de componentes. O panorama mostra preços públicos em elevação com preços de transação pouco acima da inflação. Porém, o mesmo não acontece com os usados.
Seguindo a forma calculada para os veículos novos, a tabela abaixo mostra os aumentos médios de preços de transação para hatchbacks, SUVs e média geral do comércio de usados até 20 anos de idade, para os últimos 12 meses, sempre obtidos da plataforma AutoDash da Bright Consulting.
A situação é dramática e a média de preços do mercado de usados acumula um deságio de 7,6% nos últimos 12 meses, valor superior à margem de comercialização de muitos desses negócios. Pior ainda para os hatchbacks com impressionantes 11% de desvalorização. Embora com preços depreciados, esse mercado continua aquecido em volume, com 5,9 e 5,5 vezes a venda de novos – valores normais para esses meses. Os lojistas buscam limpar seus estoques antigos e realizar prejuízos para que a perda não seja ainda maior.
Qual a razão dessa forte desvalorização? São respostas múltiplas: durante 2021 e início de 2022, com a falta de veículos novos, os preços dos usados subiram mais do que deveriam e a euforia teve seu reflexo – tudo que sobe, tem que descer.
Também se nota no período de junho a setembro de 2023 o profundo impacto do incentivo do governo para venda de usados. Se aquela ação fez impulsionar a parcela de veículos novos abaixo de 120 mil reais, essa mesma ação derrubou o preço dos usados de forma que não mais se recuperaram ao longo do ano.
Ao que parece, o aumento do emprego, redução gradativa da taxa de juros, promoções oferecidas pelas montadoras, ofertas de veículos por assinatura a preços adequados estão conseguindo recuperar o mercado de novos, trazendo de volta alguns clientes que tinham migrado para os seminovos.
Todos sabemos que o mercado de usados vai se ajustar e que estoques depurados voltarão a ser um bom negócio. Mas tem que se livrar do mico comprado por preço que não se vende mais. Se 2021 foi uma grande oportunidade para os lojistas, hoje é dia do troco.
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