Mais nova e moderna fábrica da Stellantis na América do Sul, a unidade de Goiana, PE, será também a mais privilegiada pela montadora no próximo ciclo de investimentos de cinco anos que começará em 2025.
Dos R$ 32 bilhões anunciados no mês passado para as operações brasileira e argentina, o maior já registrado por uma montadora para a região, Goiana receberá 40% total, R$ 13 bilhões — ou 43% se considerados somente os R$ 30 bilhões específicos para o Brasil.
O elevado valor sugere as ambições que a Stellantis tem para o complexo nordestino inaugurado há exatos 9 anos e foi revelado ao governo pernambucano nesta quinta-feira, 25, pessoalmente por Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul.
“Investiremos em novos produtos, plataformas, tecnologias de segurança e descarbonização”, sintetizou Cappellano, que descartou qualquer aumento da capacidade produtiva atual de 280 mil unidades anuais no Nordeste e que no entender da montadora é suficiente para a demanda e veículos previstos para os próximos anos.
As novas plataformas, batizadas de Byo-Hibrid e que serão adotadas nas demais plantas, já foram apresentadas e podem abrigar motorizações convencionais a combustão, híbridas leves, híbridas plug-in e até mesmo elétricas. O presidente da Stellantis não confirmou, porém, se Goiana teráo privilégio de fabricar o primeiro híbrido brasileiro do grupo, já confirmado para o segundo semestre de 2024.
Em Goiana hoje são fabricados, sobre uma mesma plataforma, os Jeep Renegade, Compass e Commander e as picape Fiat Toro e Ram Rampage, com índices de nacionalização, de acordo com Cappellano, “um pouco abaixo” da média de 80% de todos os veículos produzidos no Brasil pelo grupo.
Parte dos R$ 13 bilhões destinados a Pernambuco visa também aumentar — não necessariamente elevar o índice de conteúdo local —as compras no entorno do complexo localizado na divisa com a Paraíba e distante dos principais centros consumidores de veículos e fornecedores de componentes do Centro-Sul do País.
A ideia é reduzir custos, sobretudo logísticos, e assegurar fornecimento perene competitivo. O chamado Polo Automotivo Stellantis de Goiana concentra atualmente 38 fornecedores. A meta é chegar ao fim desta decada, de forma gradativa, com mais do que o dobro desse contingente.
“Queremos contar com mais de 100 fornecedores instalados em Pernambuco, desenvolvendo e produzindo componentes e soluções
para a propulsão híbrida e elétrica, descarbonizando a mobilidade e gerando novos empregos na região”, antecipa Cappellano.
Peugeot 2008 começa a ser produzido na Argentina
Os investimentos em Goiana compõem parte do Next Level, plano estratégico da Stellantis para a América do Sul e que objetiva manter a liderança — e até ampliar — nos próximos anos a participação do conglomerado que reúne cinco marcas produzidas localmente e responde por 23% das vendas na região.
Indagado sobre como serão distribuídos os outros R$ 17 bilhões do ciclo 2025-2030 no Brasil, o executivo desconversou: “Todas as unidades serão beneficiadas”.
Além de Goiana, a Stellantis conta no País com a hístorica fábrica mineira de Betim — inaugurada pela Fiat em 1976 e a maior do grupo na região — e de Porto Real, RJ, originária da PSA e que acaba de completar 23 anos.
A unidade fluminense é, claramente, a mais carente de produtos e produção. De lá saem apenas os Citroën C3, C4 Cactus e o recém-lançado C3 Aircross, veículos que somaram 6,4 mil unidades no primeiro trimestre, diminuta fatia de 4,4% dos 147,2 mil veículos vendidos pela Stellantis no mercado interno.
Cappellano lembra que ainda este ano entrará em linha o Citroën Basalt, SUV cupê igualmente derivado do Projeto C-Cubed, que deu origem ao C3 e C3 Aircross. “Mas Porto Real pode produzir qualquer veículo de qualquer uma de nossas marcas”, acresceu.
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Por enquanto, entretanto, o Basalt é a melhor e única boa notícia para Porto Real, que em 2024 deixa de produzir modelos da Peugeot pela primeira vez desde o pioneiro hatch 206, em 2001. O último deles, o 2008, vai ganhar nas próximas semanas uma nova geração, a segunda, fabricada na Argentina.
A fábrica de El Palomar, na Grande Buenos Aires, já começou a produzir o SUV compacto, projeto que consumiu mais de US$ 270 milhões e que se soma aos US$ 320 milhões alocados anteriormente para modernização dos processos produtivos e implementação da plataforma modular CMP, sobre a qual é montado o utilitário esportivo e outro ex-brasileiro, o hatch 208, que também migrou de Porto Real em 2020.
Foto: Divulgação
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