Montadora enfrenta problemas na produção e queda nas vendas em meio a mercado em ascensão
As notícias das últimas semanas que envolvem a General Motors na América Latina e Brasil não são boas. Além de demissões em São José dos Campos, SP, fechamento de fábricas na Colômbia e Equador e paralisações programadas em Gravataí, RS, a montadora vê agora riscos maiores à produção no Rio Grande do Sul por conta das enchentes.
A unidade industrial, base produtora do Onix e Onix Plus, ficou sem atividade de 2 a 7 de maio para até então, oficialmente, ajustes da produção à demanda. Contudo, seguirá paralisada pelo menos até o fim desta semana para, na melhor das hipóteses, retomar algum nível de atividade a partir da segunda-feira, 13.
Esse quadro, de qualquer forma, só deve ampliar as dificuldades que a General Motors vem enfrentando especialmente no Brasil não de hoje e que se intensificaram em 2024, com o pior desempenho comercial entre os maiores fabricantes.
Com pouco mais de 86,7 mil automóveis e comerciais leves Chevrolet licenciados, a GM é, ao lado da “nichada” Jeep, uma das dez primeiras marcas no ranking de vendas a registrar queda com relação ao primeiro quadrimestre de 2023. Contra a média de crescimento de 17,5% do mercado interno, teve recuo de expressivos 9,5%.
A comparação com os resultados de todas as demais concorrentes reforça a encrenca imediata da montadora estadunidense. Três delas tiveram crescimento acima da média: Volkswagen e Nissan, com 35%, e a novata BYD, que, na prática, começou a colocar seus produtos em número mais expressivo a partir no segundo semestre de 2023, e que, portanto, exibe salto de quase 2.700%.
Com 17%, a Honda praticamente igualou o índice de evolução do mercado e as demais seis marcas tiveram crescimento abaixo da média. A líder Fiat vendeu 10% a mais na mesma comparação, enquanto a Renault viu os licenciamentos aumentarem no patamar de 12% a 13%.
Toyota e Hyundai mostraram fôlego um tanto mais limitado. De qualquer forma, avançaram 5%. Mas avançaram.
Bem diferente do que vem ocorrendo com a GM não somente em 2024, diga-se. Primeira colocada por cinco anos entre 2016 e 2020, a montadora perdeu a liderança em 2021 para a Fiat e o segundo lugar para a Volkswagen no ano passado.
Dos 17,9% de participação de 2019, fechou 2023 com 15% e os primeiros quatro meses de 2024 com 12,5% — 4 pontos porcentuais a menos do que em igual período de 2023.
Responsável por mais da metade dos licenciamentos da Chevrolet, a segunda geração dos Onix e Onix Plus, lançada já no longínquo 2019, acompanha — e também puxa ainda mais para baixo — a variação negativa da marca.
Líder e vice-líder entre os automóveis nos primeiros quatro meses de 2023, os dois modelos agora aparecem na 2ª e 4ª colocações, com queda de 7% e 25% até abril, respectivamente.
Nesse período o Onix acumulou 26,8 mil unidades vendidas e o atual líder Polo, concorrente direto do Onix, teve 39,7 mil emplacamentos, 98% a mais do que no primeiro quadrimestre de 2013. O próprio segmento de hatches pequenos, onde ambos se enquadram, cresceu 34%, o dobro da média do mercado.
O mais importante lançamento da Chevrolet no pós-pandemia, a picape Montana também ainda não faz frente à Fiat Toro. De janeiro a abril, somou 8,3 mil unidades ante 14,1 mil da concorrente. Tem 10,8% de participação contra 18,3% da representante da Fiat.
Em 2023, mesmo chegando efetivamente às revendas no começo segundo trimestre, fechou o ano com 30 mil unidades negociadas, frota equivalente a 13% do segmento de picapes grandes, que cresceu 15% no período, segundo a Fenabrave.
Mas, mantida nos próximos meses a média mensal de 2024 de 2 mil licenciamentos, a Montana alcançará de 24 mil a 25 mil unidades emplacadas ao longo de 2024, aquém portanto do que obteve no ano passado.
Os dois mais recentes lançamentos da Chevrolet mau debutaram nas concessionárias e, naturalmente, pouco ou nada ainda ajudaram na recuperação das vendas da marca.
A picape S10 e o movolume Spin, hoje um produto de nicho, foram apenas atualizados estética e mecanicamente. Um melhor resultado é esperado sobretudo para a picape, que viu suas vendas encolherem 14% de janeiro a abril.
Nem mesmo com o Tracker a GM tem tido muito o que comemorar. Seu segundo veículo mais vendido alcançou 18,3 mil licenciamentos e praticamente repetiu o resultado do primeiro quadrimestre de 2023, enquanto o segmento de SUVs cresceu 18%.
A fatia do modelo que já foi líder entre os utilitários esportivos em 2022, com 70,8 mil licenciamentos e 10,2% de participação, está em 7,2% depois de transcorridos os quatro primeiros meses de 2024, ante os 8,5% amealhados ao longo de 2023, ano em que encerrou como o segundo SUV mais vendido do País.
Publicamente, a GM tem programados, além do também reformulado Trailblazer, que chega este mês nas revendas, mais três lançamentos em 2024. Os elétricos Blazer e Equinox e uma versão da sofisticada picape Silverado, todos importados e sem potencial para mudar radicalmente o atual ritmo de licenciamentos da marca até dezembro.
Em janeiro, Shilpan Amin, presidente da General Motors International, veio ao Brasil para anunciar novo ciclo de investimento de R$ 7 bilhões de 2024 a 2028. Disse que os recursos serão empregados na modernização das fábricas locais, na renovação da linha atual e na inclusão de novos modelos ao portfólio Chevrolet.
Pelo recentes números, cenário do mercado nos próximos meses e muito também pelos anunciados movimentos das concorrentes para o curto prazo essa reviravolta parece um tanto tardia para quem não quer perder mais espaço.
* Diferente do que constou inicialmente neste texto, os investimentos previstos da GM são de R$ 7 bilhões. Texto corrigido em 10.05.2024.
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