Marcas francesas ainda não cumpriram objetivos de mercado previstos pela Stellantis para o Brasil
Os grandes números atestam que a Stellantis vai muito bem no Brasil e América do Sul. Desde sua criação, em janeiro de 2021, a montadora navega no mar da tranquilidade quando se trata de participação somada de suas cinco marcas locais.
Transcorridos os quatro primeiros meses de 2024, a empresa segue na ponta com quase 30% do mercado brasileiro e 23% considerada a região. Fatias que poderiam ser ainda maiores se os objetivos traçados por Antonio Filosa, ex-CEO da empresa e desde o ano passado responsável mundial pela Jeep, fossem atingidos integralmente até agora.
Uma parte muito importante, por enquanto, permanece apenas no discurso do executivo de três anos atrás. Exatamente na primeira semana de maio de 2021, Filosa revelava que trabalharia para resgatar rapidamente os melhores anos de vendas da Peugeot e Citroën no Brasil.
A ideia era assegurar que as duas alcançassem novamente participação similar à que detinham uma década antes, quando ainda compunham a PSA, de cerca de 5% do mercado interno de automóveis e comerciais leves. Quando precisamente? Em apenas dois anos!
Mesmo amparado em plano-produto não totalmente relevado na época, tratava-se, obviamente, de desafio dos grandes. A dupla francesa, somada, vinha respondendo por fatia inferior a 2% nos anos imediatamente anteriores, 2,5% em 2017 e 2016 e 3% no já distante 2013.
Mas a Peugeot encerrou 2023 com 1,6% e a Citroën com 1,5%, índices muito distantes do que Filosa e equipe imaginavam com a chegada da nova geração do Peugeot 208, lançamentos, ainda que ligeiramente atrasados, dos Citroën C3 e C3 Aircross nacionais, de motores turbos e versões de entrada até então inexistentes.
No primeiro quadrimestre de 2024 (veja quadro) esses índices mudaram, mas para baixo: a Citroën deteve 1,4% e a fatia da Peugeot encolheu ainda mais, para 1,1%, com 9,7 mil e 7,7 mil licenciamentos, respectivamente.
A Peugeot tem até a desculpa de dispor neste período, na prática, somente do hatch 208 argentino e do furgão Expert uruguaio — já que a nova geração do SUV compacto 2008 teve sua produção iniciada no mês passado na Argentina, mas ainda não foi lançada.
A Citroën nem isso. Além do novíssimo C3 Aircross, do também nacional e quase aposentado C4 Cactus e do utilitário Jumpy, conta com um carro de entrada que já cumpre seu segundo ano de mercado, o C3, que poderia ser um trunfo, mas vem se consolidando como decepção.
O modelo vendeu 6,6 mil unidades em quatro meses, é apenas o sétimo colocado entre os hatches compactos. Curiosamente, ficou imediatamente à frente do coirmão 208, que acumulou menos de 6 mil licenciamentos.
Ambos com quedas marginais de vendas, mas dentro do segmento que cresceu mais de 30% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2023 e que tem o VW Polo à frente, com quase seis vezes mais unidades emplacadas.
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O novo 2008 e o SUV cupê Cobalt, que será fabricado em Porto Real, RJ, e estará nas revendas no segundo semestre, devem representar algum empurrão no faturamento das francesas da Stellantis, afinal serão quase que totalmente vendas adicionais.
Ainda assim, é pouco provável, ou mesmo improvável, que sejam capazes de fazer cumprir as metas idealizadas nos primeiros meses da Stellantis. Pelo menos não em 2024.
“Dívida” da Citroën ainda maior
No caso específico da Citroën, isso para ficar apenas no que disse Filosa, já que poucos meses depois dele, Vanessa Castanho, responsável pela marca na América do Sul e que acaba de deixar o posto para assumir nova função no grupo, revelaria o plano estratégico “Citroën 4 All” para reposicionar a marca em termos de imagem e nada menos do que quadruplicar a participação na região.
O número 4 era alusão ao prazo de quatro anos, entre 2021 e 2024, para cumprir a meta de alcançar também 4% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil e região, chegar a 7% na Argentina e superar 3% no Chile, além de crescer substancialmente em todos os demais países.
Foto: Divulgação
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