Indústria

ACC paralisa construção de duas gigafábricas de baterias na Europa

Joint venture da Stellantis, Mercedes-Benz e TotalEnergies quer reestudar mercado e tecnologias

Mais um forte sinal de que nem tudo é  — ou será — um caminho dourado para os fabricantes de veículos elétricos: a ACC, Automotive Cells Company, joint venture das poderosas Stellantis e Mercedes-Benz com a TotalEnergies, colocou firme o pé no freio nas obras de duas de suas gigafábricas de baterias.

A empresa criada em 2020 interrompeu aconstrução das plantas de Termoli, na Itália, cujo cronograma previa operação em 2026, e de Kaiserslautern, na Alemanha, prevista inicialmente já para 2025, segundo a agência de notícia Reuters.

A ACC justificou a medida afirmando que estuda o desenvolvimento de baterias mais baratas para atender veículos elétricos igualmente mais baratos e que, portanto, somente no fim deste ano ou começo do próximo terá um novo cronograma de construção e início de produção nessas plantas.

O CEO Yann Vincent disse que considera células de fosfato de ferro-lítio, LFP, na fábrica de Kaiserslautern, e uma alternativa bastante explorada pelas concorrência chinesa, como a fabricante CATL.

Por enquanto, a ACC produz bateriasde íon de lítio na sua única unidade em operação, Billy-Berclau Douvrin, no Norte da França, aberta em maio do ano passado ao custo de € 850 milhões e que deveria estar em plena capacidade até o fim deste ano.

Tavares: planos ajustados à evolução do mercado.

Com capacidade inicial de 13 GWh, a gigafábrica francesa tem como meta chegar a 40 GWh até 2030, ano em que o trio que seria formado com Kaiserslautern e Termoli, teria 120 GWh de capacidade sommada. A previsão é que os três complexos consumam € 7 bilhões de investimentos até o fim da década.

Mas já durante a cerimônia de inauguração da planta francesa, no ano passado, altos executivos das duas montadoras sócias na ACC defendiam regras mais flexíveis para a descarbonização da produção e dos veículos na Europa.

A União Europeia determinou a extinção dos motores a combustão até 2035 — prazo contestado por muitos — e avanço crescente das restrições para emissões até lá, enquanto as vendas de modelos elétricos seguem em ritmo abaixo do desejado e os custos produtivos são ainda elevados, especialmente se comparados aos dos veículos chineses.

Do capital da ACC, 45% pertencem à Stellantis, 30% estão nas mãos da Mercedes-Benz e a Saft, braço da TotalEnergies, detém os 25% restantes.

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Ao ser questionado em entrevista coletiva sobre a decisão da ACC, Carlos Tavares, CEO da Stellantis, limitou-se a afirmar que os investimentos em veículos elétricos devem ser ajustados de acordo com o ritmo de crescimento do mercado — um fator sobre o qual as empresas não têm controle, enfatizou.

A Mercedes-Benz foi igualmente evasiva. Por meio de comunicado, disse apenas que está comprometida com o ACC e que a sua estratégia de eletrificação continua no “caminho certo”.

A ACC não é a primeiro fabricante de células de bateria a rever seus planos para a Europa. A chinesa Svolt afirmou há poucos dias que desistiu de construir fábrica em Lauchhmamer, na Alemanha.

O projeto foi anunciado em setembro de 2022, mas, em comunicado, a Svolt apontou como razões incertezas tarifárias, as contestações para o fim  dos motores a combustão, distorções de mercado em função de subsídios “distribuídos de forma desigual” e até o cancelamento de projeto de cliente importante


Foto: Divulgação

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Publicado por
Redação AutoIndústria

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