Solicitação da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), junto ao Governo Federal para tomar medidas para conter o que define como “surto de importação desleal” de pneus asiáticos, em especial da China, provocou reações críticas de distribuidores e importadores.

No centro da questão está o encaminhamento para o Comitê de Alterações Tarifárias (CAT), da Câmara de Comércio Exterior (Camex), de pedido para aumentar a tarifa de importação de pneus de carga e de passeio dos atuais 16% para 35%.

De acordo com levantamento da Anip com base em dados de importação da Receita Federal, 50% dos pneus importados da Ásia entram no País com preços inferiores aos das matérias primas usadas no produto e 100% das importações estão abaixo do custo de produção industrial.

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“Essa concorrência desleal está ameaçando empregos, coloca investimentos futuros em risco e traz desorganização da cadeia produtiva, afetando também produtores de borracha, de têxteis, de produtos químicos e de aço, insumos usados largamente na produção de pneus”, diz em nota Klaus Curt Müller, presidente da ANIP.

Do outro lado, a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) também enxerga risco para os empregos e empresa do setor, além de esconder tentativa de controle de mercado por um pequeno grupo de fabricantes.

“Os fabricantes já são protegidos por medidas antidumping e benefícios fiscais. Além disso, com o dólar nesse nível e os seguidos aumentos do frete marítimo sufocarão o mercado e o consumidor, que é quem paga a conta no final. O imposto de importação, base de cálculo em efeito cascata de todos os demais tributos, é o vetor que estimula ou aniquila a concorrência”, diz em nota Ricardo Alípio da Costa, presidente da Abidip.

Contudo, segundo os dados da Anip, nos cinco primeiros meses de 2017 e 2024 as vendas de pneus nacionais registraram queda de 19%, enquanto as importações cresceram 229%, avanço que, diz a associação, impulsionado por “preços desleais”.

Ainda de acordo com a Anip, o crescimento das importações já começa a impactar o setor. A indústria nacional de pneus emprega 32 mil trabalhadores diretos, desse 2,5 mil já se encontram em suspensão de contrato ou redução de jornada.

“Se medidas emergenciais não forem tomadas para garantir uma concorrência saudável corremos o risco de assistir a uma desindustrialização do setor”, resume o dirigente da associação que completa dizendo que as fabricantes não contra as importações. “O que queremos é garantir condições isonômicas de competição e medidas para corrigir a concorrência desleal que se instalou no comércio internacional de pneus com o Brasil”.

Para o representante da Abidip, no entanto, as fabricantes de pneus trabalham atualmente com baixa capacidade instalada. “Eles querem ter o controle do mercado sem aumentar sua capacidade de competitividade”, diz Alípio da Costa


Foto: E Boumann/Pixabay

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