A Anfavea não está satisfeita com o nível de proteção da produção nacional propiciada pelo aumento escalonado do imposto de importação sobre veículos elétricos e híbridos.
Nesta terça-feira, 25, Márcio de Lima Leite, presidente da entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, revelou, em seminário promovido pela publicação especializada AutoData, em São Paulo, que o setor está solicitando ao governo federal a antecipação da aliquota máxima de 35% prevista para ser adotada somente em 2026.
Desde o começo deste ano, o governo começou a cobrar imposto de importação sobre veículos eletrificados em índices que crescerão gradualmente ao longo de dois anos. Os elétricos, até então isentos, passaram a recolher 10% em janeiro, chegarão a 18% no mês que vem, 25% em julho de 2025 e finalmente 35% em julho de 2026.
LEIA MAIS
→“Momento é de cautela”, diz presidente da Anfavea sobre chineses
→Importação de veículos supera as exportações este ano
→Imposto do pecado: Anfavea diz ser um “equívoco econômico”.
→Importados impedem produção maior de veículos
No caso dos híbridos convencionais, o imposto a partir de janeiro é de 12% será de 25% em julho, 30% depois de um ano e 35% daqui dois anos. Híbridos plug-in recolhem os mesmos 12% desde janeiro, mas em julho terão aumento menor, para 20%, e têm estipulados 28% em julho de 2025 e igualmente 35% em meados de 2026.
Há meses Leite já vinha revelando preocupação com a elevação dos embarques rumo ao mercado interno, principalmente da China. Há apenas duas semanas o dirigente declarou que o “momento é de cautela”.
De janeiro a maio, dos 159,3 mil veículos importados, o que representou alta de 37,8% sobre 2023, 42,8 mil vieram do país asiático.
As compras na China evoluíram expressivos 510% – foram de 7 mil nos primeiros cinco meses de 2023. Só a Argentina vende mais carros por aqui, 72,1 mil em cinco meses. O terceiro país nesse ranking é o México, com 17,8 mil unidades.
“Não queremos guerra com os importados, por isso dizemos que temos de avaliar o atual momento com cautela. Mas não podemos colocar nossos investimentos em risco e, por isso, seguiremos acompanhando esse movimento de alta da venda de carros chineses no Brasil”, disse então o presidente da Anfavea, que negou qualquer discussão sobre as alíquotas.
No acumulado deste ano, foram vendidos 930 mil veículos no mercado brasileiro, crescimento de 15,7% sobre os primeiros cinco meses de 2023. Desse total, os importados participaram com 17,1%, contra 15,2% no ano passado.
O aumento dos importados tem reflexo direto na alta da vendas de eletrificados, incluindo os modelos 100% elétricos e os híbridos. Os carros chineses são os de maior volume com essas novas tecnologias. Além da BYD e GWM, estão desembarcando no Brasil a também chinesa Neta e a Foton, que promete lançar a picape Tunland por aqui.
Foto: Anfavea/Divulgação