Do recente anúncio de R$ 2 bilhões em investimento de 2025 a 2028, a Scania separou R$ 60 milhões para iniciar nova fase na operação de São Bernado do Campo (SP) com a produção de ônibus elétrico. A unidade será a terceira da fabricante no mundo a produzir um modelo movido a bateria, depois da Suécia e Polônia.

Há alguns anos o pessoal da área de projeto e desenvolvimento investiga a possiblidade de produzir ônibus elétrico no País. A aprovação ocorreu em janeiro passado e, de lá para cá, a fábrica de ônibus já iniciou processos de mudança. A área para a montagem dos componentes específicos já está definida, junto à linha dos modelos a combustão.

O novo local integrará uma operação que, hoje, possui 11 estações de trabalho com capacidade para 4,1 mil unidades/ano. “O ritmo atual é de 11 chassis por dia. O plano é de produzir ao menos três elétricos no volume diário”, adianta Isabelle Orlandi, coordenadora de projetos da Scania.

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O K230E B4x2LB, o nome oficial do chassi elétrico da marca, entre em linha de produção em março de 2025. Inicialmente em fase de validação de processos industriais, bem como para testes em operações reais com cliente. “As vendas começam em agosto próximo, durante a Lat.Bus, e as primeiras entregas planejamos para setembro do ano que vem”, conta Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil.

A Scania anuncia o seu ônibus elétrico em fase de resultados de positivos no segmento. No confronto entre os cinco primeiros meses, as vendas de chassi da marca cresceram 137%, de 100 para 237 unidades. “No mercado de ônibus rodoviários com motor traseiro acima de 330 cv nossa participação alcançou 28%, 10 pontos porcentuais a mais em relação ao que tínhamos até maio do ano passado”, observa Nucci.

O ônibus elétrico da Scania terá como destino as aplicações urbanas. O veículo poderá receber carrocerias de 12 a 14 metros e capacidade média para 80 passageiros. O veículo terá opções de 4 ou 5 pacotes de células de bateria no teto, conjunto que definirá autonomia para 250 ou 300 km, já considerado operações capacidade máxima, em terreno irregular e ar-condicionado ligado.

“Começaremos com oferta de chassi 4×2 e potência contínua de 230 kW, o equivalente a 310 cv e 2.200 Nm de torque”, resume Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Scania. “O chassi também tem uma unidade de carregamento de 130 kW com capacidade para recargas de 150 a 170 minutos.”

Praticamente todo conjunto elétrico é da Scania, como motor e câmbio, enquanto as baterias vêm da parceira sueca NorthVolt. Vale dizer que as baterias são de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), diferente das LFP (lítio-ferro-fosfato) usualmente aplicadas nos chassis elétricos. A escolha, de acordo com Gallao, se deve a maior densidade energética e menor peso.

Em uma agenda de testes reais, a Scania começará as ações com clientes de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina. “O potencial de venda até o fim de 2025 é de cinquenta unidades. A partir de 2026 deverá rodar com entregas entre 100 e 150 ônibus”, estima Nucci.

Volume que se pode considerar otimista diante do preço do K230E B4x2LB: a partir R$ 3 milhões, incluindo chassi e carroceria.


Foto: Scania/Divulgação

Décio Costa
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