Anfavea diz que Brasil tem a menor alíquota de importação de elétricos entre países produtores e insiste na volta dos 35%
Adivulgação do balanço do setor automotivo no primeiro semestre do ano serviu de palco para o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, insistir na necessidade de ser retomado de imediato o índice de 35% do Imposto de Importação de carros eletrificados. Pelo cronograma atual, ele só entrará em vigor em 2026.
Além de mostrar a escalada das importações e a desaceleração das exportações, o executivo expôs um quadro comparativo das alíquotas de importação de veículos elétricos nos principais países produtores, enfatizando que a menor, atualmente de 18%, é a do Brasil.
O índice é de 106% no Canadá, 102,5% nos Estados Unidos, 27% a 48% na União Europeia, de 25% na China e de 20% a 35% no México.
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Considerando todos os modelos, o Brasil emplacou 198 mil veículos importados no primeiro semestre, 37,7% a mais do que no mesmo período de 2023. Dessas 54,1 mil unidades adicionais, os autoveículos de origem chinesa (42,3 mil) representaram 78%.
No total, a venda de carros chineses atingiu 71.722 unidades nos seis meses, com expressiva alta de 449% sobre as 9.413 comercializadas de janeiro a junho do ano passado. A participação dos modelos vindos do país asiático, em sua grande maioria eletrificados, saltou de 7% para 23% no mesmo comparativo.
“Entre os países produtores, temos o Imposto de Importação mais baixo para modelos elétricos de origem chinesa no planeta, o que serve de atrativo para a importação acima de um saudável patamar de equilíbrio. Isso vem prejudicando nossa produção e ameaçando nossos investimentos e empregos”, argumentou Lima Leite.
O executivo comentou, inclusive, que a projeção de alta de 4,9% na produção deste ano só será concretizada se a citada alíquota retornar de imediato aos 35%:
“Do contrário, poderemos até ter paralisações de algumas fábricas, com o carro nacional perdendo ainda mais espaço para o importado”.
Pelas projeções do presidente da Anfavea, o mercado de eletrificados deve atingir até 150 mil unidades este ano, com grande participação dos chineses nesse volume. A produção local nesse segmento limita-se a híbridos não plug-in da Toyota e Caoa Chery.
O maior drama da indústria automotiva brasileira é que em paralelo à alta das importações, as exportações estão despencando (recuo de 28,3% no semestre) e o saldo comercial do setor este ano é negativo, o que não ocorria há mais de dez anos.
Imposto Seletivo
O Imposto Seletivo debatido no âmbito da reforma tributária também foi tema de comentários do presidente da Anfavea e do CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, que participou do encontro desta quinta-feira, 4.
“Nunca o setor automotivo investiu tanto no País”, comentou Possobom, citando os R$ 130 bilhões de aportes até o final da de´cada, dos quais R$ 16 bilhões por parte da Volkwagen. “Diante das inovações tecnológicas em curso, que visam justamente à descarbonização, não tem o menor sentido incluir o automóvel a combustão na mesma lista de cigarro e bebidas”.
Lima Leite, por sua vez, comentou que os contribuintes brasileiros já pagam impostos além da conta e não faz sentido pagar mais caro por um ar mais poluído:
“O Imposto Seletivo foi concebido com o objetivo de reduzir o consumo de produtos considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente. Ao adotar a medida, iremos na contramão, dificultando o acesso a modelos menos poluentes e mais seguros, e retardando de forma temerária e renovação da frota nacional”.
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