Mais recente estudo da S&P Global Mobility aponta que o ímpeto pela transição para carros elétricos está diminuindo mundialmente, com a penetração dos veículos a bateria, os chamados VEBs, reduzindo nos principais polos consumidores, com exceção da China.

Dados recentes sugerem que a eletrificação dos veículos pode demorar mais do que se pensava, diz a consultoria, que reviu suas projeções para participação de automóveis e comerciais leves a bateria nas vendas globais. A expectativa agora é de que eles representem 42,8% dos negócios em 2030, 2,1 pontos porcentuais abaixo do projetado há um ano.

“No entanto, se a demanda do consumidor não acelerar, há risco maior de que os governos suavizem as posições regulatórias sobre veículos híbridos e a combustão, enfraquecendo ainda mais as perspectivas dos VEBs”, alerta a  S&P Global Mobility.

Tem contribuído para a revisão para baixo desses índices médios a relutância dos consumidores dos Estados Unidos de migrarem de tecnologia, assim como o elevado preço dos elétricos na Europa. A diferença média de preço de varejo sugerido pelo fabricante entre um VEB e um veículo não-VEB é de 24% na Europa Ocidental e 37% nos Estados Unidos.

“Além da despesa relativa, a hesitação dos clientes em comprar elétricos na Europa e na América do Norte é agravada por preocupações com a autonomia e a infraestrutura de carregamento, bem como valores residuais e o risco de rápida obsolescência tecnológica”, destaca o estudo.

Por outro lado, na China a participação dos VEBs, que chegou a 25% no primeiro trimestre de 2024, está expandindo rapidamente devido aos baixos custos de fabricação, apoio substancial do governo e abundância de produtos acessíveis.

Lá o preço sugerido médio para os VEBs já está 7% abaixo ao dos não-VEB, com os microcarros elétricos, característicos do mercado chinês, pesando muito nessa conta. Desconsiderando esse segmento, entretanto, o preço médio de um VEB na China já está alinhado com o de um não-VEB.

O desenvolvimento e produção de carros elétricos mais baratos somente agora começa a ganhar corpo nas estratégias das montadoras ocidentais. Ainda assim, a consultoria calcula que na Europa os VEBs de entrada, na faixa de € 20 mil a € 25 mil, como o VW ID2 e o Renault Twingo, cheguem entre 2025 e2026 apenas como pequeno parte dos portfólios.

“Para tornar esses veículos realmente acessíveis, os custos do produto precisam diminuir materialmente – mais notavelmente, o custo das baterias, que, em média, representam 40% do preço de um veículo elétrico.”

De qualquer forma, o estudo frisa que uma desaceleração do mercado de veículos elétricos pode ser positiva para as montadoras tradicionais, leia-se ocidentais, na medida em que prolonga a vida útil das plataformas convencionais existentes, das quais são ainda altamente dependentes.

Além da queda do preço final dos produtos e melhora da infraestrutura de carregamento e autonomia, o crescimento da eletrificação seguirá dependendo, em boa parcela, das regulamentações de emissões de carbono. A União Europeia tem estabelecida a meta mais ambiciosa para reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 2021 e eliminar gradualmente a venda de novos carros e vans movidos a combustão até 2035.

A China pretende atingir 50% das vendas de veículos de “novas energias”, o que inclui modelos híbridos e a célula de combustível, em regiões sujeitas a medidas específicas de controle da poluição do ar e 40% em todo o país até 2030.

Segundo o estudo, os produtores asiáticos continuarão a dominar o fornecimento global de baterias de veículos elétricos, que têm preços em queda. Os custos do pacote ficaram em média em torno de US$ 142/kWh em 2023 (base média ponderada por volume) e devem custar em média US$ 128 este ano.

A maioria das baterias, 63% do mercado mundial em 2023, é baseada na química de níquel manganês cobalto (NMC),  tecnologia relativamente cara, mas de alto desempenho. A principal alternativa química é o fosfato de íons de lítio (LFP),  25% mais barata. As células LFP têm maior participação em elétricos e híbridos mais baratos, especialmente na China — como os da BYD.


Foto: Divulgação

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