Colunistas

Veículos comerciais elétricos ainda servem mais ao marketing do que ao transporte

Em 2024, somente pouco mais de 700 unidades foram negociadas entre caminhões e furgões

Não foram poucos os analistas que há cerca de uma década viam no transporte urbano de cargas um dos principais filões para a expansão dos veículos elétricos a bateria. Especialmente pelo início ou ampliação das restrições à circulação de modelos poluentes nas regiões mais centrais de grandes cidades europeias e asiáticas.

Não tem sido assim no Brasil mesmo depois de tanto tempo. Sem os pênaltis impostos em outros países aos caminhões e comerciais leves a combustão interna destinados à distribuição urbana, os números de vendas no País sugerem que comerciais elétricos têm ainda um longo caminho pela frente para alcançar alguma representatividade nas planilhas de vendas.

Até agora, apesar dos discursos dos fabricantes, eles funcionam muito mais como uma ferramenta explorada pelo marketing dos clientes, interessados mesmo em mostrar comprometimento com princípios ESG e não por serem a solução econômica e técnica tão sonhada.

Se assim não fosse, os licenciamentos deveriam ser muitíssimo maiores e não absolutamente marginais.

Levantamento da Fenabrave mostra que somente 310 caminhões elétricos chegaram às ruas nos primeiros sete meses de 2024, sendo 189 deles, ou 60%, fornecidos pela Volkswagen Trucks e Bus e outros 89 com logotipo da chinesa JAC.

No mesmo período, os licenciamentos totais de caminhões no mercado brasileiro alcançaram 66,5 mil unidades. A participação dos elétricos, portanto, não chega a 0,5%.

O quadro entre os comerciais leves não é muito diferente. Em sete meses, somente 403 unidades foram negociadas.  A Ford liderou com 103 veículos, seguida pela BYD, que entregou 95 unidades aos clientes, e pela Renault, que acumulou 80 licenciamentos.

Ou seja, três fabricantes responderam por 70% do total. Outras dez marcas negociaram somente 125 veículos.  A participação sobre o mercado total de comerciais leves é ainda menos expressiva do que no caso dos caminhões: meros 0,2%.

Não são números, tanto em um segmento como no outro, que empolguem maior fluxo de importação, produção local ou o necessário atendimento pós-venda nas concessionárias e que exige os custosos estoques de peças e componentes de reposição e treinamento frequente dos profissionais.


Foto: Divulgação

Compartilhar
Publicado por
George Guimarães

Notícias recentes

2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil”

Além da Toyota, Stellantis e BMW já iniciaram produção local. Outras marcas, incluindo as chinesas,…

% dias atrás

2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro

100 mil novos empregos na cadeia e anúncio de investimento recorde de R$ 180 bilhões…

% dias atrás

XBRI Pneus anuncia fábrica em Ponta Grossa

Operação recebe aporte de R$ 1,5 bilhão e atenderá indústria e mercado de reposição com…

% dias atrás

Iveco avança em conectividade com o S-Way

Transporte rodoviário de carga

% dias atrás

2025 promete vendas em ascensão: até 3 milhões de unidades.

Em 2024 já faltou pouco para superar o resultado de 2019, último ano pré-pandemia; AEA…

% dias atrás

BMW produzirá seis novas motos em Manaus em 2025

Primeiro modelo chega às revendas no primeiro trimestre. Produção crescerá 10%.

% dias atrás