OCorolla encerrou os sete primeiros meses de 2024 com 65% de participação no segmento de sedãs médios, de acordo com a Fenabrave. O índice poderia fazer brilhar os olhos de qualquer executivo de vendas e ser explorado à exaustão em powerpoints de convenções internas das equipes comerciais, mas não tem sido assim na Toyota.

O modelo, que desde que começou a ser fabricado no Brasil, em 1998, liderou as vendas do segmento em quase todos os anos e sempre com larguíssima margem, está longe de seus melhores dias. A robusta fatia de 2024 equivale, na verdade, a somente 20 mil licenciamentos ou algo próximo de 2,9 mil por mês.

É o pior resultado para o período em números absolutos desde 2019, ainda antes da pandemia. Naquele ano,  a Toyota vendeu 32 mil unidades nos primeiro sete meses — 56,7 mil ao longo do ano ou 4,8 mil por mês.

Até mesmo em 2020, quando o comércio praticamente cessou por dois ou três meses no segundo trimestre em função do isolamento social determinado pelo governo, os emplacamentos foram ligeiramente superiores.

Chegaram a 20,2 mil e ultrapassaram 23,8 mil no ano seguinte, quando ainda a produção de veículos era irregular em decorrência da falta global de componentes. Em 2023, bateram em 23,7 mil em sete meses, 18% a mais do que de janeiro a julho de 2024.

Mesmo se considerar os anos completos, a conta mostra que o Corolla vem perdendo terreno para produtos de outros segmentos — SUVs em particular, inclusive com o fogo-amigo de seu irmão Corolla Cross, lançado em março de 2021 e hoje à frente do sedã nos licenciamentos.

As vendas do Corolla estão estagnadas nos últimos três anos. Os emplacamentos oscilaram de 41,9 mil em 2021, para 42,9 mil em 2022 e 2023. Nesse mesmo período as vendas totais de automóveis de passeio avançaram 11%. De 13º carro mais vendido do País, é agora 19º colocado.

É certo que o segmento de sedãs, em particular, encolheu na mesma comparação drásticos 29%. Mas esse recuo ainda mais acentuado tem, sim, motivo muito mais palpável do que a potencial migração da clientela para ou SUVs: o fim da produção local do único produto a verdadeiramente rivalizar com o Corolla.

No fim de 2021, a Honda encerrou a trajetória de três décadas do Civic brasileiro. Naquele ano, o modelo, que passou a ser importado em 2023 com versão e preço muito acima dos concorrentes nacionais, ainda detinha 25% dos licenciamentos de sedãs médios contra 54% do Corolla.

Nos sete meses completos de 2024, porém, o Civic somou marginais 844 unidades licenciadas, é apenas o sexto veículo no ranking do segmento. O segundo lugar, sucessor portanto do Civic como desafiante do Corolla, é o mexicano Nissan Sentra, com modestos 3,2 mil licenciamentos e 10% de participação.

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Fundamental para a desejada reviravolta na curva descendente de participação, a próxima geração do Corolla a ser fabricada em Sorocaba, SP, — a pioneira planta de Indaiatuba será fechada —  deve estar nas ruas não antes do fim de 2025, mais provável em 2026.

A nova geração integra o novo ciclo de investimentos da montadora, anunciado no primeiro trimestre. A empresa promete investir R$ 11 bilhões até 2030 em produtos, novas tecnologias e na estrutura produtiva local.

Quase a metade, R$ 5 bilhões, até 2026 , já contemplando o lançamento também de um SUV compacto híbrido flex em 2025, o Yaris Cross.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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