Enquanto no Brasil a volta do Salão do Automóvel de São Paulo segue apenas como um desejo manifesto do presidente Lula e eventos como o Festival de Interlagos se candidatam a legítimos sucessores da mais tradicional mostra automobilística brasileira, na Europa o Salão de Paris promete retomar o caminho para tempos bem melhores.
Depois de um hiato de quatro anos, em parte pela mudança de estratégia de marketing das montadoras e também por conta da pandemia em 2020 e 2021, a mostra francesa foi realizada em 2022 como uma pálida sombra do que fora nos cem anos anteriores.
Na opinião dos marketeiros das grandes montadoras, a fórmula, além de muito custosa, estava esgotada e, por conta disso, ano a ano vinham reduzindo a presença de suas marcas em eventos do gênero.
Pois na 90ª edição do Mondial de l’Auto, que acontecerá em outubro no consagrado Paris Expo Porte de Versailles, uma parte relevante das marcas europeias estará de volta.
Por que esse passo atrás? Ou seria à frente? Ou esses mesmos profissionais do marketing mudaram de opinião ou os organizadores conseguiram dar novo brilho aos salões, o que é pouco provável seja um caso ou o outro.
Há uma terceira e mais visível razão para essa volta: não deixar que as novatas marcas chinesas, que aceleraram movimentos de expansão internacional nos últimos dois ou três anos e não escondem a avidez por novos mercados, dominem de vez as exposições mais relevantes.
Foi o que ocorreu de forma flagrante no agora extinto Salão de Genebra, Suíça. Em fevereiro último, numa tentativa de retomar sua trajetória após cinco anos, a mostra teve apenas as marcas do Grupo Renault a representar a Europa e confrontar os produtos chineses da BYD.
Meses antes, a edição de 2023 do Salão de Munique, o maior da Europa, sublinhou a chamada invasão oriental. Entre montadoras e fornecedores, 40% dos expositores eram oriundos da Ásia. A maior delegação, a da China, contou com estandes da BYD, Dongfeng, Geely, HiPhi, Leapmotor, Seres e Xpeng.
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Entre 14 e 20 de outubro, em Paris, o time chinês seguirá grande. Reunirá novamente BYD, Xpeng, Seres, além da GAC e das startpus Skyworth, Forthing, Hongqi e Maxusmas. Fora eventuais e prováveis adesões de última hora.
Desta vez, porém, terá que rivalizar com um adversário bem mais reforçado, sobretudo pelo retorno de marcas alemãs importantes.
Fora as representantes da casa — Peugeot, Citroën, Renault e Alpine —, já estão confirmadas, apenas para ficar entre as grandes marcas, Volkswagen, Audi, BMW, Skoda, Alfa Romeo, Iveco, Ford, Dacia, Kia e até a Cadillac.
Não se trata da melhor seleção possível, faltam ainda nomes de peso, como, por exemplo, Mercedes-Benz ou Fiat. Mas é notável que, ao menos no caso do salão parisiense, a indústria europeia começa a fechar os flancos abertos nos últimos anos e que já deixaram alguns estragos pelo caminho.
Foto: Divulgação
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Gosto de suas reportagens, aliás, acho que é um dos melhores jornalistas da equipe, porém Fiat não é uma marca “de peso” na Europa. Diferentemente do que é aqui para o brasileiro.
Olá Flávio, agradeço muito os elogios. Muito obrigado mesmo! É sempre bom sabermos do reconhecimento dos nossos esforços. Quanto à sua discordância, permita-me também discordar parcialmente. A Fiat, é certo, já teve mesmo muito mais relevância no mercado europeu no que se refere às vendas, à participação. Apesar desse encolhimento, nem não por isso perdeu o prestígio cultivado ao longo de 125 anos e segue como a marca mais vendida da Stellantis no mundo, com 1,35 milhão de unidades ou mais de 20% de tudo que o grupo negocia. Naturalmente, concordo com você, muito em decorrência de sua operação na América Latina. Creio, entretanto, que ter volume de vendas como critério isolado para determinar a importância de uma ou outra empresa em um determinado segmento não seja totalmente correto. Mas é, sim, um tema sobre o qual cabem sempre bons e saudáveis debates. Um grande abraço e, mais uma vez, obrigado pela audiência!