Pressionadas pela baixa demanda por veículos elétricos, as montadoras europeias solicitam o adiamento, em pelo menos dois anos, das metas de emissões de CO2 estipuladas para 2025. Segundo as fabricantes, o índice proposto pela União Europeia é inalcançável em prazo tão exíguo com a estagnação das vendas de modelos não poluentes.

Pelas normas atuais do bloco, a frota de veículos novos a chegar às ruas no ano que vem deverá emitir, em média, 95 gramas por quilômetro — contra 106,6 gramas por quilômetro em 2023.

Só assim as fabricantes evitarão multas que, segundo cálculo da Acea, a entidade que congrega as montadoras europeias, poderão chegar a € 16 bilhões considerando os licenciamentos de automóveis de passeio e utilitários leves.

Para atingir as metas de 2025, os veículos elétricos leves deveriam representar de 20% a 22% das vendas no bloco,  mas não têm ultrapassado 15%.

“A indústria investiu bilhões em eletrificação, mas os outros ingredientes necessários para essa transição não estão em vigor e a competitividade da União Europeia está sendo reduzida”, afirmou em nota a Acea, na quinta-feira, 12.

O texto da entidade praticamente replica as palavras de Hans Dieter Pötsch, presidente do Grupo Volkswagen, maior montadora europeia e que já não descarta fechamento de fábricas e encolhimento do quadro de trabalhadores na Alemanha:

“A mobilidade elétrica é o futuro, mas os políticos estipularam metas à indústria sem que a infraestrutura necessária estivesse disponível e sem considerar se os clientes estarão juntos nessa caminhada”.

Volkswagen - produção - Wolfsburg

Segundo a Acea, a União Europeia não dispõe de condições cruciais para a adoção em massa de veículos leves de emissão zero, como infraestrutura de carregamento e reabastecimento de hidrogênio, além de ambiente de produção competitivo e incentivos fiscais.

Mantido o índice de emissão de 95 g/km, afirmam as montadoras, o setor não terá outra solução para fugir das penalizações a não ser reduzir em 2,5 milhões de unidades a produção total, o que poderia colocar em risco o emprego de milhares de trabalhadores do setor.

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Luca de Meo, CEO da Renault e presidente da Acea, também tratou de se manifestar publicamente e cobrou “um pouco de flexibilidade” do bloco econômico em relação às metas de emissões de 2025.

“A velocidade de crescimento do mercado de elétricos é a metade do que precisaríamos para atingir os objetivos que nos permitiriam não pagar multas”, disse de Meo em entrevista.

Mais: o executivo afirmou que as montadoras europeias deveriam travar parcerias com as concorrentes chinesas, que oferecem elétricos a preços competitivos na Europa e vêm registrando crescimentos expressivos nos último dois anos, além de começarem a constituir estrutura produtiva na região.

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