A IAA, o Salão Internacional do Transporte de Hanover, Alemanha, sempre foi, e ainda é, palco de demonstrações tecnológicas no qual a indústria apontava o futuro. A edição de 2024 não foi diferente, ainda protagonizou tendência, mas não deixou escapar e valorizar o que tem para agora.

Mereceram holofotes os caminhões elétricos, agora, com a promessa de cumprir distâncias maiores, como fez a Mercedes-Benz, que anunciou início da produção em série do eActros 600, ou mesmo a Volvo, que confirmou lançamento para o ano que vem de modelo com a mesma aptidão.

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Ao mesmo tempo, a própria Mercedes-Benz aprimorou a aerodinâmica de cabine e retrabalhou motor a diesel para lançar o Actros L.  A DAF aproveitou para apresentar uma nova geração de caminhões, toda movida a diesel, mas claramente mais eficiente com potencial de reduzir 10% o consumo.

“A impressão que deixa é o amadurecimento de tecnologias apresentadas no passado e que, agora, se aproximam do início da produção, mas ainda em volumes muito baixos”, resume Sérgio Kramer, diretor de Negócio para Veículos Comerciais e Aftermarket da Eaton, presente na feira alemã. “Por outro lado, há preocupação em relação à infraestrutura, que mesmo na Europa é deficiente. A saída é avançar com soluções para uma transição.”

Reforça a percepção do executivo a ampla variedade de modelos com motores movidos a gás ou algum combustível renovável expostos já na prateleira. Caminhões acionados por gás natural comprimido (GNC), gás natural liquefeito (GNL) e HVO, biodiesel vegetal hidrotratado com hidrogênio, se não zeram as emissões de CO2 de uma hora para outra, reduzem de maneira significativa. No caso, do biometano, em até 90%. Depois, ao menos na Europa, há infraestrutura de abastecimento.

A Scania, por exemplo, tem o gás e os combustíveis renováveis a bandeira de transição energética tanto no Brasil quanto na Europa. Além de mostrar capacidades com dois caminhões elétricos, providenciou o aqui e agora com modelos movidos a biodiesel, gás e HVO.

“São produtos que o mercado brasileiro já usa, em especial os com motores a gás. São soluções de menor impacto ambiental, com potencial de ser ainda mais limpa com aumento da disponibilidade de biometano, e fecha melhor o frete”, observa Ivanovik Marx, gerente de Engenharia de Aplicações de Oferta de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, também presente na feira. “Não há dúvida de que o futuro será elétrico. Mas a bateria ainda não é a tecnologia para aplicações de longas distâncias. Por enquanto, é para o transportador de nicho.”

De qualquer maneira, como ainda preserva o atributo de lançar tendências, na IAA Transportation 2024 o motor a hidrogênio cumpriu com o papel. A tecnologia virá para zerar emissões em todo o ciclo, providenciar autonomia e, com o gás, prolongar a vida do motor a combustão. Porém, solução ainda distante, que depende não só da engenharia, mas infraestrutura e disponibilidade do combustível.


Foto: Divulgação IAA Transportation

Décio Costa
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