Empresas justificam desempenho inferior com custos elevados, elétricos estagnados e concorrência chinesa
Duas das maiores fabricantes mundiais de veículos, Volkswagen e Stellantis reviram para baixo as projeções para a margem de lucro em 2024. Ambas alegam custos elevados, mercado de elétricos estagnado e a forte concorrência da indústria chinesa nos principais polos globais de consumo.
A Stellantis, que chegou a estimar margem com dois dígitos, deixou o otimismo de lado e agora projeta encerrar 2024 com algo entre 5,5% e 7%.
Ao rever o índice, a montadora, dona de quinzena marcas de automóveis e comerciais leves em todo o mundo — a 15ª é a recém-chegada chinesa Leapmotors —, cita particularmente como um dos fatores negativos as despesas mais altas para reaquecer os negócios de duas delas nos Estados Unidos: Jeep e Dodge.
A concorrência dos veículos chineses e desaceleração global de seus principais mercados, sobretudo no segundo semestre, também são relacionados pelo conglomerado formado há menos de quatro com a junção da PSA-Peugeot Citroën com a FCA, Fiat Chrysler Automobiles.
Em comunicado emitido nesta segunda-feira, 30, a Stellantis enfatizou:
“A deterioração do cenário da indústria global reflete uma previsão de mercado para 2024 mais baixa do que no início do período, enquanto a dinâmica competitiva se intensificou devido ao aumento da oferta da indústria, bem como ao aumento da concorrência chinesa”.
Dentre as medidas para melhorar o ambiente de negócios de suas duas marcas locais dos Estados Unidos está, além de aumento de incentivos, a redução dos estoques.
A empresa antecipou para o fim deste ano sua meta de deter 330 mil veículos nos estoques das concessionárias prevista inicialmente para o primeiro trimestre do ano que vem. O mecanismo para isso, entretanto, é desacelerar as linhas de montagem e entregar 200 mil unidades a menos para os representantes das marcas neste segundo semestre.
O novo cenário econômico da Stellantis ecoa manifestações semelhantes de outras montadoras europeias que se dizem acossadas, por um lado, pelas vendas em baixa ou estagnadas de elétricos a bateria na Europa e, de outro, por produtos chineses importados oferecidos localmente a preços competitivos.
Com exceção da própria Stellantis, as associadas da Acea, entidade que congrega os fabricantes de veículos europeus, paralelamente defendem o adiamento dos novos parâmetros de emissões de CO2 estipulados para o ano que vem, já que, em caso de não cumprimento, as montadoras deverão arcar com multas bilionárias.
Se a Stellantis reviu agora sua projeção para o ano, o Grupo Volkswagen refez os cálculos pela segunda vez já. A empresa fala agora em alcançar margem operacional de 5,6% ante os 7% estimados em julho.
Além da fraca demanda por veículos da marca Volkswagen, a de maior volume do grupo, o lucro também será afetado pelos custos esperados com o fechamento de uma fábrica da Audi na Bélgica e resultados inferiores no mercado chinês.
Oliver Blume, CEO do Grupo Volkswagen tem insistido no discurso de que os custos na Europa estão muito elevados e diminuem a competitividade dos veículos elétricos de produção local enquanto as montadoras chinesas aceleram o processo de expansão internacional e têm os mercados europeus como prioritários.
A direção da maior montadora alemã não descarta até mesmo o fechamento, pela primeira vez, de fábricas na Alemanha como solução para o que considera ser excesso de capacidade equivalente a duas fábricas.
A empresa também projeta recuo em suas vendas mundiais este ano. Se esperava avanço de 3% sobre os 9,2 milhões de veículos negociados em 2023, agora calcula colocar nas ruas de todos os continentes 9 milhões.
Com o resultado, o faturamento encolherá algo como 0,7%, para € 320 bilhões, em vez do esperado inicialmente avanço de 5%.
Foto: Divulgação
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