Indústria

Salão de Paris testa reação das marcas europeias contra os elétricos chineses

Mostra concentra lançamentos de compactos a bateria dos dois lados "do front"

A 90aª edição do Salão de Paris, que começou nesta segunda-feira, 14, e vai aé  domingo, 20, será marcada pelo esforço da indústria europeia de apresentar alternativas de automóveis elétricos mais baratos

Com produtos mais acessíveis, as montadoras locais de volume esperam estancar o êxodo de consumidores rumo a modelos produzidos na China e que têm chamado a atenção não só pela tecnologia e estilo, mas sobretudo pelos preços. No salão parisiense, estão presentes nove marcas chinesas, um quinto do total.

Pressionadas pela estagnação da demanda dos elétricos, maior oferta competitiva de chineses e a ameaça de multas bilionárias caso não atinjam os novos índices de emissões definidos pela União Europeia para 2025, as montadoras ocidentais não têm muitas saídas a não ser  conquistar o ressabiado consumidor europeu pelo bolso e, dentro do possível, também com produtos de maior autonomia.

O teto de preço final  ao redor dos € 20 mil para compactos movidos a bateria parece ser o novo graal do setor. Muito acima desse valor, os carros europeus seguirão comendo poeira de alguns chineses, mesmo com a proteção de sobretaxação imposta pela Comissão Europeia para pelo menos os próximos cinco anos.

Em Paris, esta semana, são visíveis particularmente a determinação das marcas francesas.

Comandada mundialmente por  Thierry Koskas, a Citroën destaca, por exemplo, o e-C3, que começou a chegar há poucas semanas às revendas por preços a partir de € 23 mil e que, reafirmou o executivo, terá uma nova versão de entrada no primeiro semestre do ano que vem e com preços de… € 20 mil!

Junto dele, aparecem o C3-Aircross, na faixa de € 30 mil, e a segunda geração do C5 Aircross, baseada na plataforma multienergia Stellantis STLA Medium e que ganhará as ruas em 2025 com versões elétricas, híbridas e  a combustão — e os atualizados C4, C4 X e Ami.

A Renault ainda transita em faixa de preço superior. No estande da marca, os holofotes está voltados principalmente para o crossover retrô R4 E- Tech, que chegará em 2025 e é capaz de rodar 400 km com uma carga de bateria e preço ainda não divulgado — mas estimado acima dos € 30 mil —, e para o R5, de menor porte e design igualmente retrô, que começa em cerca de € 25 mil.

Uma futura opção mais em conta, já na faixa dos € 20 mil, está sendo exibida ainda como protótipo: o Twingo, carro que marcou época nos anos 90, renascerá com elétrico a bateria em 2026. Ao lado dele, o conceito Embleme, com trem de força elétrico a bateria de célula de combustível

Uma vez no mercado, o Twingo terá que brigar com o compacto T03 da Leapmotor. A marca chinesa, agora integrante da Stellantis, está chegando à Europa com importados e produção local. Faz da mostra de Paris palco para estreia mundial do elétrico compacto B10 e exibe ainda o SUV médio C10, também já oferecido na Europa, assim como o T03.

Já a Peugeot, dedica-se integralmente aos elétricos no salão parisiense. A irmã da Citroën dentro da Stellantis, exibe  um crossover 408 com carroceria cupê e versões de longo alcance dos SUVs 3008 e 5008, que poderão rodar até 700 quilômetros com uma só carga.

A chinesa BYD está apresentando a versão europeia do Sealion 7 totalmente elétrico, que diz ser o modelo tecnologicamente mais avançado da marca na Europa. A Leapmotor, parceira chinesa da Stellantis, está dando uma estreia global ao SUV elétrico compacto B10.

Sem a presença da Mercedes-Benz, a delegação alemã premium contará Audi, BMW e Volkswagen. Merece destaque a Audi, que exibe seu renovado portfólio e novidades como a nova geração do Q5 e o elétrico Q6 E-tron Sportback cupê, em adição ao Q6 E-tron com carroceria SUV convencional. O Q6 E-tron é o primeiro modelo da Audi na arquitetura Premium Platform Electric do Grupo Volkswagen

A BMW tem dois veículos-conceito elétricos da chasmada Neue Klasse: o SUV Vision Neue Klasse X e o sedã Vision Neue Klasse. Também parte do Grupo BMW, a Mini lança o Aceman, o primeiro modelo exclusivamente elétrico da marca, já exibido no Salão de Pequim.

Do lado chinês do salão, a BYD, já maior fabricante global de carros elétricos e que desde o último Salão de Paris, em 2022,  colocou definitivamente suas rodas no mercado europeu, apresenta o Sealion 7, produto tecnologicamente mais avançado da marca, e o SUV  premio Yangwang U8.

A Dacia, outra marca do Grupo Renault, tem como principal atração o SUV Bigster. A empresa pretende começar a vendê-lo no início de 2025 com preço inicial próximo de € 25 mil e opções híbridas e com tração nas quatro rodas.

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A marca já tem um dos carros elétricos mais baratos oferecido em vários mercados europeus para fazer frente aos modelos chineses: o Spring, conhecido aqui no Brasil como Kwid E-Tech. Custa acima de € 17 mil mas é fabricado, não por coincidência, na China, de onde segue pronto para diversos países da Europa.

A estadunidense Ford pretende dar sua contribuição no front ocidental da batalha contra as chinesas e  estreia no salão o Capri, crossover cupê elétrico que resgata o nome do veículo produzido nos anos 70. Será o segundo veículo da marca construído sobre a plataforma elétrica MEB do Grupo VW, a exemplo do SUV, e, afirma a marca, poderá rodar até 627 km  com uma carga de bateria.

Já a Kia revela o EV3, SUV compacto com autonomia estimada em  600 km de autonomia e preço inicial de cerca de € 35 mil. Recém-chegado nas revendas da Coreia do Sul, começa a ser vendido na Europa antes do fim do ano.

Marca do Grupo Volkswagen, a Skoda revela SUV compacto elétrico Elroq , com vendas previstas para o primeiro trimestre de 2025 e preços que começarão em € 33 mil.

A marca mãe do grupo, porém, tem no Tayron seu maior chamariz. Substituto do Tiguan Allspace na linha europeia, o modelo tem versões  de cinco e sete lugares e custa a partir de € 45 mil na Alemanha. Será oferecido com diversos tipos de powertrain, incluindo híbrido plug-in com autonomia elétrica de 100 km e um híbrido leve de 48 volts.


Fotos: Divulgação

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Publicado por
George Guimarães

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