Para se proteger de taxas tributárias, relatório aponta planos das fabricantes de aumentar capacidade de produção fora da China
Movimento semelhante ao que ocorre no Brasil, também as exportações de veículos elétricos chineses para a União Europeia registram expansão significativa. De acordo com dados alfandegários copilados pela Bloomberg, os embarques para as 27 nações do bloco em setembro cresceram 61% em relação ao mesmo mês do ano passado, para 60,5 mil unidades.
O volume registrado é o segundo mais alto antes de cobrança de tarifas adicionais sobre importações, prevista para entrar em vigor no fim deste mês. O pico anterior foi anotado em outubro de 2023, de 67,5 mil veículos elétricos, ocasião na qual a Comissão Europeia iniciou investigações a respeito de subsídios que beneficiam os veículos fabricados na China.
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O acréscimo na taxa recairá sobre a alíquota de 48% já aplicada no imposto e vai variar de maneira individual, de acordo com o nível de cooperação das fabricantes chinesas com a investigação da Comissão.
A UE introduziu tarifas provisórias em junho e exigiu que as empresas visadas reservassem garantias. Em 4 de outubro, as nações do bloco votaram para impor novas tarifas de até 35%. Dez países, incluindo França, Itália e Polônia, foram a favor da medida.
Como aqui, o crescimento dos embarques a partir da China sugere que os fabricantes pretendem evitar desembolsar o aumento na carga tributária. A avaliação do setor na Europa é de que taxas adicionais podem até desacelerar o ímpeto das marcas chinesas, mas não desencorajar. Afinal, modelos elétricos da maior economia da Ásia geralmente proporcionam maiores margens na Europa do que às obtidas no mercado doméstico.
Independentemente da maior movimentação nos portos europeus e de outras regiões do mundo com os desembarques, os fabricantes de veículos chineses deverão multiplicar a capacidade de produção fora da China de 1,2 milhão em 2023 para 2,7 milhões até 2026.
A estimativa é apontada em relatório encabeçado pela BloombergNEF (BNEF), divisão de análises e pesquisas da agência. Segundo o estudo, as montadoras chinesas têm priorizado operações com processo completo de manufatura (estampagem, soldagem, pintura e montagem final) em vez de optar por kits, como CDK, para evitar as imposições de tarifas.
“Ao mesmo tempo em que o mercado de veículos elétricos na China se satura, a crescente concorrência doméstica e o excesso de capacidade estão empurrando as marcas chineses de veículos elétricos para o exterior em busca de novos mercados em crescimento”, observou a BNEF no relatório.
O estudo lembra 10 novos projetos liderados por fabricantes como BYD, Chery, Changan, GAC e SAIC em mercados do Sudeste da Ásia, América Latina, incluído o Brasil, Oriente Médio e Europa. A BYD está construindo uma fábrica na Hungria e anunciou planos para Turquia. A Polônia tem acordos com fornecedores chineses de baterias. Geely, Dongfeng e Xpeng estão supostamente procurando locais para uma fábrica na Itália ou na Espanha.
Foto: Divulgação BYD
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