A GWM alcançou 23,5 mil licenciamentos nos primeiros dez meses de 2024, 1,5% do segmento de automóveis de passeio e a 13ª posição no ranking das marcas mais vendidas. A projeção é encerrar seu primeiro ano completo no País com cerca de 28 mil emplacamentos e avançar para 31 mil em 2025, já com alguma contribuição do futuro pioneiro carro nacional, o Haval H6.
Trata-se, no entender da própria GWM, de um desempenho comercial condizente com a estratégia escolhida para o ingresso do Brasil e também para uma linha de produtos importada ainda limitada a dois modelos, o compacto Ora 03 e o próprio H6, e suas variações.
Ainda assim, a comparação com os números da também newcomer chinesa BYD é natural e mostra que a concorrente tem maior voracidade e ambição para se estabelecer entre as marcas líderes no mercado brasileiro. Prova disso é a rápida oferta de uma dezena de modelos — de compactos a comerciais leves, passando pelos SUVs e sedãs —, importações em volumes muito superiores e que já resultaram em 58,5 mil licenciamentos de janeiro a outubro.
A comparação poderia até incomodar, mas a GWM prefere ver como opções estratégicas diferentes apenas. “Não estamos em uma corrida de 100 metros, mas em uma maratona”, sintetizou Parker Shi, Presidente da GWM International, em conversa com jornalistas na última quinta-feira, 21, ladeado por Andy Zhang, novo Presidente da GWM Brasil & México.
No mesmo dia que chegou ao Brasil, Parker, responsável por todas as operações fora da China, se reuniu com o Governo do Estado de São Paulo e concessionários. Entre outras tantas mensagens aos dois públicos, reforçou que a empresa segue trabalhando com plano inicial estabelecido para a chegada da marca aqui e que será ditado pelo crescimento gradual, saudável e sustentável dos negócios.
“Estamos olhando o longo prazo. Não gostamos de apostas, de altos e baixos. Quando a curva cai, gera danos muito grandes, machuca a marca e a recuperação é difícil”, justifica o dirigente, que, entretanto, comemora que GWM encerrará o ano com 450 mil veículos vendidos fora da China, 30% a mais do que em 2023.
O previsto crescimento de vendas de modestos 10% em 2025 antecipado por Zhang corrobora o discurso de Parker pelo menos para a operação brasileira.
Com o início de produção comercial do Haval H6 em Iracemápolis, SP, antes do fim do primeiro semestre, era de se esperar projeção de avanço bem mais expressivo, até também por conta da ampliação da rede de revendas dos atuais 88 para 130 pontos.
Assim como Parker, o presidente da GWM Brasil prefere se mostrar mais preocupado em sublinhar que a empresa constituirá uma operação sólida aqui — inclusive com o papel de hub de exportação para a América Latina, México incluído — a partir da oferta de produtos com elevado nível de conteúdo e algum desenvolvimento local.
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Mesmo considerando que, pelo até agora assumido no projeto inicial, o modelo de montagem na fábrica paulista será CKD, a meta de nacionalização é para lá de ambiciosa em função também do prazo: 60% ao fim de 2026.
Indagado se não se trata de objetivo de difícil alcance mesmo em prazo mais longo, já que a produção estimada para o primeiro ano de produção cheio em Iracemápolis é da ordem de 20 mil veículos, o que limitaria o interesse de fornecedores locais, o executivo sinaliza que poderá contar com novas parceiras vindas da China, inclusive pertencentes ao próprio conglomerado da GWM.
“Mas estamos falando de uma meta”, frisa Parker, que reconhece que há desafios a serem suplantados e que espera apoio do governo estadual em questões logísticas, de estradas, formação de mão de obra e até tributárias que possam incentivar mais e maiores investimentos da montadora e fornecedores na região. “São Paulo é a nossa primeira casa. Não queremos procurar outra”, afirmou, entre risos, o bem-humorado executivo.
No Estado, além da futura fábrica, a GWM já tem seu centro de distribuição de peças e componentes em Cajamar, município da Grande São Paulo, e está constituindo a área de inovação, engenharia e homologação de veículos.
A estrutura técnica deverá ser inaugurada no transcorrer do primeiro semestre de 2025 e tem o objetivo inicial, entre outros, de colocar nas ruas os primeiros H6 com motorização híbrida flex — HEV e PHEV —, o que deverá acontecer somente em 2026.
Parker vê os veículos híbridos como forte candidatos à liderança das vendas no Brasil em futuro não tão distante. Sobretudo pelo País dominar a cultura e usufruir dos ganhos ecológicos e de infraestrutura de distribuição do etanol.
“O Brasil terá elétricos, não será com grande participação. Mas a eletrificação é uma tendência, não tem como parar. O que pode mudar é a velocidade de seu crescimento”, disse.
Foto: Divulgação
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