O jornal econômico japonês Nikkei destaca em manchete nesta quarta-feira, 5, notícia que já não surpreendeu boa parte dos analistas do setor automotivo: a Nissan desistiu da fusão com a Honda.
As tratativas foram anunciadas com pompa pelos CEOS das duas empresas há menos de dois meses. Um acordo entre a Honda, segunda maior fabricante de veículos do Japão, e a terceira maior Nissan, resultaria em gigante global menor em vendas apenas do que a também japonesa Toyota e o Grupo Volkswagen.
Segundo a imprensa japonesa, a decisão da Nissan de encerrar as negociações se deveu a divergências crescentes com a parceira e a eventual intenção da Honda de fazer da Nissan apenas uma subsidiária e ter o controle acionário da futura operação.
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A fórmula contraria o discurso original de uma fusão entre iguais, como sugerido em dezembro por Makoto Uchida, CEO da Nissan, e Toshihiro Mibe, CEO da Honda, e que poderia abarcar também a Mitsubishi, na qual a Nissan tem participação e que forma ainda aliança mundial com a Renault.
A própria fabricante francesa, que detém 36% da Nissan, aceitara, em princípio, a fusão de sua controlada com a Honda.
Honda e Nissan, em comunicados separados, disseram que a informação do jornal econômico não está lastreada em manifestação oficial e que uma decisão sobre o destino da parceria será divulgada em meados deste mês.
O fim das tratativas com a Honda levantaria dúvidas maiores também sobre o destino da Nissan e sua capacidade de seguir com o curso de reestruturação mundial que deve envolver o corte de 9 mil postos de trabalho e redução de 20% de sua capacidade produtiva na busca por redução de custos.
O valor das ações da Nissan cotadas na bolsa de Tóquio caíram mais de 4% nas primeiras horas após a matéria jornalística do Nikkei. Em compensação, os papeis da Honda fecharam o pregão com alta acima de 8%, indicativo de que investidores não nutrem boas expectativas sobre a fusão ou incorporação.
Foto: Divulgação