A indústria automobilística mundial teve nesta quinta-feira, 20, mais um forte indicador de que a mobilidade elétrica ainda está distante de representar um caminho econômico bem pavimentado para as montadoras, mesmo aquelas que trabalham com produtos de segmentos superiores de consumo em qualquer mercado.
Diante de um quadro de vendas de veículos elétricos estagnadas ou em queda em polos consumidores importantes, como na Europa, a Mercedes-Benz Cars anunciou que pretende cortar mais custos e aumentar a oferta de carros a gasolina e diesel em suas novas linhas de produtos.
A decisão estratégica, pouco imaginada há três anos, foi revelada pela cúpula da empresa durante apresentação dos mais recentes resultados financeiros e da expectativa de queda acentuada nos lucros em 2025.
No ano passado, a marca alemã de luxo vendeu 1,98 milhão de automóveis de passeio em todo o mundo, 3% a menos do que em 2023, mas no caso dos VEBs, veículos elétricos a bateria, a queda superou 23% – 185 mil unidades contra 240,6 mil um ano antes.
A receita do grupo de € 145,5 bilhões foi 4,5% abaixo na comparação anual e o lucro recuou nada menos do que 30,8%, para € 13,6 bilhões — 40% no caso específico da divisão de automóveis.
O cronograma definido até 2027 inclui o lançamento de 19 novos modelos a combustão e 17 elétricos a bateria. A maioria dos lançamentos dedicada a segmentos superiores, no qual as margens de lucro são sabidamente maiores, ainda mais em produtos movidos a combustão interna.
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Ainda na busca por custos produtivos menores e de proteção contra a guerra comercial e tarifária entre os países mais ricos, a montadora trabalhará para aumentar a produção na China e nos Estados Unidos. A ideia é reduzir os custos globais de produção em 10% até 2027 e o dobro disso até o fim da década.
O quadro de funcionários será enxugado por meio de desligamentos voluntários e a não substituição de trabalhadores que se aposentarão. Áreas como finanças, recursos humanos passarão por processo de terceirização.
Fechamento de fábricas na Alemanha está descartado, assegurou Harald Wilhelm, CFO da montadora, apesar de admitir a transferência da produção de um veículo hoje montado no país para a fábrica na Hungria, onde os custos são 70% mais baixos.
Foto: Divulgação