Concessionários vêm tendo dificuldades para vender Onix por causa de notícias sobre correia dentada e crash-test. Montadora quer reduzir grupos na rede.
Na média do mercado, o estoque de veículos leves entre montadoras e concessionárias está em 38 dias, volume informado pela Anfavea e considerado normal pelas duas partes. Mas nem todas as marcas estão em situação confortável. No caso da General Motors, o estoque é de 79 dias, ou seja, praticamente o dobro da média.
Não à toa, portanto, que a montadora tenha negociado lay-off na fábrica de Gravataí, RS, a partir de abril, além de ter paralisado operações lá por 30 dias, retomando produção na última segunda-feira, 17.
No caso das férias coletivas, a GM informou que a parada foi necessária para a atualização e modernização de processos em algumas áreas da produção, ações que devem contemplar a chegada do novo Onix em breve. Já em relação ao lay-off, admite que a medida visa alinhar a produção à demanda atual do mercado.
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Consultados por AutoIndústria, alguns concessionários Chevrolet, que preferiram não se identificar, confirmaram o estoque elevado de modelos da marca e insatisfação na rede por esse motivo e também pela falta de projetos mais claros com relação a modelos eletrificados.
Segundo essas fontes, a GM já vinha num processo de reduzir a quantidade de pontos de venda e agora está querendo reduzir o número de grupos que atuam com a marca.
Certo é que em contraste com desempenho positivo de outras marcas, a Chevrolet enfrenta problemas atualmente. Sua participação no mercado de leves, que era de 16,5% no primeiro bimestre de 2023, baixou para 11,5% no mesmo período do ano passado e está em apenas 10,7% este ano, com a Toyota emplacando volume cada vez mais próximo da marca estadunidense.
Problemas que afastam o consumidor
No caso do Onix, notícias sobre problemas com a correia dentada e também sobre nota zero obtida em 2017 pelo modelo no teste de impacto lateral do Latin NCAP têm afugentado os consumidores.
Em relação à correia dentada, os proprietários de veículos da marca denunciam que o componente racha ou até rompe bem antes do esperado, causando danos sérios ao motor. A GM atribui os problemas ao uso de óleo inadequado, mas não consegue impedir os reflexos negativos das notícias sobre gastos excessivos para conserto do veículo por conta desse problema.
Sobre o crash-test, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que a empresa pague por danos morais por ter comercializado veículo “inadequado para uso” no mercado brasileiro. A questão envolve 1 milhão de unidades do Onix vendidas entre 2012 e 2018 e apesar de não haver condenação até o momento, a questão envolve notícias que prejudicam a imagem da marca..
Diante de todo esse quadro, há insatisfação na rede Chevrolet, que também questiona a falta de projetos claros da empresa com relação à eletrificação. Mundialmente, a GM defendeu por um bom tempo a ida direta do motor a combustão para o 100% elétrico, descartando investimento em modelos híbridos.
No Brasil, no ano passado, a montadora reviu o discurso e admitiu o desenvolvimento local de híbridos, mas até o momento não apresentou para a rede de concessionárias um cronograma sobre seus planos nesse sentido. Enquanto isso, a Fiat já lançou carros do gênero no mercado brasileiro e outras, como a Volkswagen, dizem estar com projetos avançados nesse sentido.
A GM promete cinco lançamentos para este ano, dentre os quais o do elétrico Spark EUV, produzido na China.
No momento, resta saber se a GM conseguirá reverter a perda de participação e a insegurança do consumidor a partir da chegada do Onix com novo visual e também novos equipamentos, principalmente de conectividade e de segurança. É esperar para ver.
AutoIndústria solicitou entrevista à GM sobre a questão dos estoques e dos problemas que a empresa vem enfrentando no varejo na segunda-feira, 17, mas não teve retorno.
Foto: Divulgação
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