Ninguém que guarde um mínimo de interesse e admiração por automóveis, design ou mesmo pela história da indústria automobilística, que em boa medida moldou cidades e o modo de vida no século 20, está isento de visita ao CARDE, museu inaugurado há apenas quatro meses em Campos do Jordão, SP.

Projeto que integra o pilar de educação da Fundação Lia Maria Aguiar — instituição sem fins lucrativos dedicada a arte, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social — é investida jamais vista no Brasil e tem muito pouca coisa assemelhada em todo o mundo.

Não se trata de mero e frio espaço para exibição de raríssimos — alguns exclusivos — automóveis, mas de detalhados retratos das últimas 13 décadas alinhavados pela evolução do automóvel, estilo e tecnologias, e que incluem centenas de peças de decoração, obras de artes e farto material audiovisual referentes a cada período.

CARDE ferrari

O acervo do CARDE, não por acaso acrônimo justamente de Carros, Arte, Design e Educação, reúne cerca de 500 veículos. Parcela está em processo de restauração e outra em bases do próprio CARDE nos Estados Unidos e França, cumprindo ainda os trâmites burocráticos para a importação.

Um terceiro lote se encontra no que os organizadores chamam de reserva técnica e que, a seu tempo e oportunidade, será exibid0. Isso porque o prédio principal de dois andares e 6 mil m² quadrados, abrigado em terreno de 200 mil m² em meio a uma floresta, comporta não mais do que 120 automóveis.

A solução para essa limitação física, prática comum a outros tantos grandes museus automobilísticos mundo afora, é fazer rodízio entre os veículos de forma que, de quando em quando, a mostra praticamente se renove e uma segunda ou terceiras visitas tragam ineditismos.

Outra medida é permitir que os visitantes tenham acesso aos veículos mantidos na reserva técnica, o que no caso do CARDE já deve ocorrer até meados deste ano, segundo Luiz Goshima, idealizador e diretor-executivo do museu.

Localizada em prédio a não mais de 300 metros do museu, lá os visitantes poderão conhecer carros ainda não vistos por nenhum dos 29 mil visitantes que passaram pelo museu desde sua inauguração.

Novas vedetes

Três desses carros, aliás, migraram para os principais salões do museu este mês. Adquiridos no ano passado em leilões e concursos de elegância dentre os mais importantes do mundo, os raros esportivos Ferrari 212 Inter Coupe 1953, Pegaso Z-102 Berlinetta 1954 e o icônico Tucker’48 ano 1948.

Comercializado até 1953, o modelo 212 da Ferrari teve apenas 6 unidades fabricadas. Construído pela Carrozzeria Vignale, tem motor V12, de 2,5 litros, de 170 cavalos de potência.

Com somente 7 unidades produzidas em Barcelona ao longo de sete anos, até 1958, o espanhol Pegaso Z-102 foi concebido para fazer frente exatamente a modelos da Ferrari. Com motor V8 de 2,8 litros e 195 cavalos de potência, pode atingir 240 km/h de velocidade máxima.

A terceira novidade, o Tucker’48 (foto principal), guarda ainda mais curiosidades e se trata de um dos carros mais famosos e polêmicos do mundo.

Criado por Preston Tucker no fim da década de 40, o modelo teve apenas 51 unidades fabricadas com formas, conceitos e soluções que anteciparam muito do que seria adotado pela indústria estadunidense anos depois.

A curta vida da fábrica e do carro que tinha motor de helicóptero e farol central direcional se deveu ao fato de Preston Tucker — história contada em filme — ter sido alvo de uma investigação judicial e de acusação de fraude. A comprovação de sua inocência não evitou a mancha em sua reputação e a crise financeira que fez ruir a empresa.

Restam apenas 47 unidades do Tucker’48 em todo o mundo. O exemplar do Carde tem outra particularidade: pertenceu ao diretor de cinema George Lucas, criador das franquias Star Wars e Indiana Jones.

“Temos trabalhado para sempre apresentar novidades. Desde a chegada de novos modelos até nossas ações exclusivas em datas comemorativas”, enfatiza Goshima, que antecipa que já elabora, para 2026, o Mantiqueira Week, programa que incluirá concurso de elegância de automóveis, inclusive com carros trazidos de coleções internacionais.


Foto: AutoIndústria/Divulgação

George Guimarães
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