O primeiro resultado prático do acordo da Renault com a Geely, assinado há menos de dois meses e que definiu a montadora francesa como importadora dos carros da parceira chinesa para o mercado brasileiro e, futuramente, também produção na fábrica de São José dos Pinhais, PR, foi anunciado nesta quarta-feira, 9.

Luis Fernando Pedrucci, CEO da Renault na América Latina, e Michael Gao, diretor geral da Geely Auto na América do Sul, apresentaram o EX5, SUV elétrico escolhido como primeiro carro da marca chinesa a ser vendido aqui a partir de julho em rede de concessionárias própria.

“É um momento histórico. Não estamos lançando um automóvel, mas um marca e um projeto de longo prazo, muito bem estruturado no que diz respeito a produtos, tecnologias e serviços. A Geely não vem para cá para ficar dois ou três anos. É um trabalho estratégico para durar dez, vinte, trinta anos”, afirmou Pedrucci, que responde, de imediato, pela operação de importação.

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O executivo não antecipa quantos modelos importados e futuros nacionais comporão o portfólio da marca no Brasil nem qual o cronograma de apresentação dos demais depois do EX5 e quando a linha estará completa. Admitiu, porém, que a ideia é ter não só elétricos: “Não vemos o Brasil como um mercado monoenergético”.

Pedrucci se disse impossibilitado de repassar qualquer informação, nem mesmo prazos, sobre a produção de carros da Geely na fábrica paranaense, que receberá investimentos do conglomerado chinês dono ainda de marcas como Volvo Cars, Zeekr, Smart e Lotus, dentre outras.

Pedrucci: projeto de longo prazo e não apenas elétricos.

Justifica que as empresas ainda aguardam a análise e aprovação do acordo por parte de autoridades econômicas de vários países e que qualquer novo movimento será anunciado somente depois disso.

De qualquer modo, ao ser questionado sobre se concorda com o pleito de montadoras chinesas ao governo brasileiro para redução de alíquota de imposto sobre importação de veículos SKD e CDK, parcialmente ou totalmente desmontados, Pedrucci deu uma dica de qual pode ser o sistema produtivo dos carros Gelly em São José dos Pinhais:

“A Renault sempre foi muito clara: acreditamos que a base de qualquer negócio é a produção local, o coração de uma estratégia sustentável. Estamos fazendo investimentos e continuaremos a investir para isso”.

Rede nacional e produto global

A trajetória da Geely no Brasil será retomada — houve uma breve e diminuta quantidade de importação por parte do Grupo Gandini entre 2014 e 2016 — com 23 revendas nos próximos três ou quatro meses em 19 cidades de estados e regiões que respondem por cerca de 50% das vendas totais de veículos no País.

A rede de concessionárias crescerá gradativamente, acompanhando a demanda e a ampliação do portfólio de produtos. O planejamento é chegar a 105 casas quando a linha estiver completa, prazo também não revelado por Pedrucci.

“Não vamos

trazer carros para deixar

em estoque aqui.”

 (Pedrucci)

O EX5 foi concebido com a ambição de ser um produto global, montado sobre a plataforma multinenergia GEA e com design desenvolvido por estúdios da Geely na Suécia, China e Itália. Segundo a montadora, atende os requisitos regulatórios de mais de 90 países, Brasil entre eles.

Renault e Geely enquadram o modelo como um utilitário esportivo do segmento C — “mas com espaço interno de SUV do segmento D”  em função da, de fato, generosa distância entre eixos de 2,75 metros. O modelo mede 4,62 metros de comprimento, 1,90 de largura e 1,67 de altura, proporções assemelhadas ao do Jeep Compass, por exemplo.

A versão escolhida como a pioneira no Brasil será dotada de um motor elétrico de 218 cavalos e 320 Nm e bateria de 60,2 kWh, a maior. No ciclo de teste chinês, a autonomia supera os 500 km.

Destaque no interior é a grande tela multimídia de 15 polegadas, teto solar panorâmico, revestimentos de bancos, portas e do painel refinados, além de sistema que atende a mais de 200 comandos por voz.


Foto: AutoIndústria

George Guimarães
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