Assinado no mesmo dia da posse de Igor Calvet, o primeiro presidente contratado da Anfavea, o decreto nº 12.435, de 15 de abril de 2025, agradou apenas parcialmente o novo representante da associação das montadoras e também o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad.

Em entrevista conjunta concedida a um pequeno grupo de jornalistas na posse realizada na segunda-feira, 15, à noite, na sede da Fiesp, ambos comentaram serem necessárias medidas complementares para afastar o risco de os investimentos programados para o Brasil serem postergados ou mesmo revisados.

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“O risco continua porque o cenário é incerto”, comentou Calvet, destacando ser necessário esperar os atos subsequentes ao decreto, como mais detalhes sobre a eficiência energética de veículos leves e pesados e o projeto de reciclabilidade.

Segundo frisou, a posição da Anfavea, manifestada no dia 8 deste mês por Márcio de Lima Leite, a quem sucedeu, não mudou. Na tarde desta quarta-feira, 16, inclusive, o novo presidente da entidade terá reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em Brasília.

“O Mover ajuda, mas é preciso olhar num contexto mais amplo”, insistiu Calvet na entrevista que concedeu após a posse. “É preciso haver a retomada imediata da alíquota de importação de 35% para os eletrificados e a garantia de que o pleito de imposto reduzido para importação de veículos CKD e SKD não vai ser aceito pelo governo”.

Além disso, tem a questão do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem provocado reações negativas no mundo todo e, em especial, no setor automotivo.

Calvet lembrou que duas associadas da entidade — no caso a Nissan e a Volkswagen — já anunciaram decisão de deixar de produzir modelos na Argentina (no caso a Frontier e o SUV Taos, pela ordem,) e abastecer o Brasil a partir do México.

“Temos complementariedade de produtos e decisões com essas trazem risco real principalmente para as autopeças”, comentou o novo presidente da Anfavea, que teve apoio de Sahad diante dessa declaração.

De acordo com o presidente do Sindipeças, a previsibilidade é fundamental para o setor e há pontos, como o IPI Verde e os programas de renovação de frota e inspeção técnica veicular, que têm de sair do papel.

Sahad admitiu que o Brasil até vive uma situação mais confortável do que a Europa, onde os carros elétricos não evoluíram como esperado, mas insistiu na necessidade de o País ser mais competitivo:

“Nossas empresas são competitivas do portão para dentro, mas a estrada é cheia de pedras e não imprime a velocidade necessária para as coisas deslancharem”.


Foto: Divulgação/Anfavea

Alzira Rodrigues
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