Empresa

Goiana chega aos 10 anos com alto prestígio para a Stellantis

Fábrica pernambucana produz os veículos de maior tíquete médio da montadora no Brasil

No próximo 28 de abril, a fábrica da Stellantis de Goiana, PE, completa exatos 10 anos de operação. Nesse período, o complexo consolidou-se como a segunda mais importante unidade fabril da montadora no Brasil, depois da quase cinquentenária planta de Betim, MG.

Desde que o primeiro Jeep Renegade saiu da linha de montagem do chamado Polo Automotivo Stellantis, projeto orçado inicialmente em R$ 11 bilhões e localizado quase na divisa com a Paraíba, já foram fabricados ao redor de 1,9 milhão de automóveis e comerciais leves das marcas Jeep, Fiat e RAM — 230 mil só no ano passado.

Número tão expressivo de veículos com tíquete médio acima da média da montadora no País comprova o acerto do projeto que transformou rapidamente o perfil socioeconômico da região, até então quase que exclusivamente voltada à monocultura canavieira.

Contribuiu para esse quadro também um robusto parque de fornecedores que cresceu gradativamente até cerca de 40 empresas de sistemas, componentes, autopeças e serviços e que permitem à Stellantis fabricar até 280 mil veículos por ano em Pernambuco.

Em 2024, foram cerca de 230 mil unidades do Renegade, Compass e Commander, os três da marca Jeep, além das picapes Fiat Toro e RAM Rampage.

O complexo pernambucano começou a sair do papel em 2010, quando a então solitária Fiat – a FCA, Fiat-Chrysler Automobiles, seria constituída quatro anos depois — adquiriu, não sem uma clara segunda intenção, a produtora de chicotes elétricos TCA, com sede em Jaboatão, PE, e assim passou a usufruir também dos incentivos tributários e isenções que a sua nova controlada detinha no Regime Automotivo do Nordeste.

A fábrica atual, considerada referência dentro do grupo, passou por ciclo adicional de investimentos a partir de 2018 até este ano.

Foram injetados na operação R$ 7,5 bilhões para melhorias dos processos produtivos, capacitação de pessoal e desenvolvimento de novos veículos, como o SUV Commander, lançado em 2021, e a Rampage, primeira picape da marca RAM concebida fora dos Estados Unidos, no mercado desde 2023.

No ano passado, outra boa notícia: a Stellantis confirmou um terceiro e maior aporte na unidade nordestina, onde trabalham atualmente algo como 15 mil pessoas, incluindo funcionários de duas dezenas de fornecedores alocados no mesmo perímetro.

A partir deste ano até 2030, Goiana será destino de R$ 13 bilhões, perto de 43% do total de R$ 30 bilhões anunciados pela empresa para as operações brasileiras, uma boa fatia, ainda que não especificada, destinada à eletrificação dos veículos lá produzidos,  particularmente híbridos.

Um terço das vendas nacionais

A importância de Goiana pode ser mensurada também pela participação de seus produtos nas vendas internas da Stellantis. Dos aproximadamente 734 mil veículos nacionais e importados que a montadora negociou aqui em 2024, mais de 198 mil partiram do Nordeste para todas as regiões do País, perto de 27% do total.

Desconsiderados os cerca de 92 mil importados trazidos pela montadora —  inclusive os fabricados na Argentina e Uruguai —,  a participação dos carros e picapes pernambucanos nos licenciamentos é de 30%.

E tão importante quanto: são os veículos de maior valor agregado produzidos pela Stellantis em suas três fábricas brasileiras.

LEIA MAIS

→ América do Sul aumenta participação nas vendas mundiais da Stellantis

Parcela significativa da produção ainda ganha o mundo por meio do Porto de Suape, no município de Cabo de Santo Agostinho, no Sul do Estado. De lá partem para duas dezenas de países. Só no ano passado, foram 37 mil unidades, um terço dos 116 mil veículos despachados pela Stellantis, maior número desde que a empresa foi criada em 2021.

Ao longo de uma década, foram exportados cerca 15% dos veículos fabricados em Goiana. Todos pelo complexo portuário de Cabo de Santo Agostinho, cidade que, curiosamente, por pouco não abrigou a fábrica.

Sim. Foi lá que, em dezembro de 2010, com direito à presença do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e do então CEO  global da Fiat, Sérgio Marchionne, ocorreu a cerimônia de assentamento da pedra fundamental da planta que seria inaugurada quatro anos depois a 100 km de distância. Melhor para Goiana.


Foto: Divulgação

Compartilhar
Publicado por
George Guimarães

Notícias recentes

Jeep lança na Europa segunda geração do Compass brasileiro

SUV tem nova plataforma e motores híbridos e elétricos

% dias atrás

Demanda por caminhões esfria com as taxas de juros elevadas

Licenciamentos em abril foram 14% menores no confronto mensal com o ano passado

% dias atrás

Carros da China dominam México com ajuda da GM

Montadora aumenta importações de suas fábricas na China e puxa invasão de marcas chinesas concorrentes.…

% dias atrás

Hyundai passa a Toyota e assume 4º lugar em abril

No Top 5, a Fiat ganha participação, VW fica estável e GM se distancia cada…

% dias atrás

VW Polo supera Strada e lidera ranking de modelos em abril

Picape da Fiat segue na liderança no acumulado do ano, com 39.373 emplacamentos

% dias atrás

Mercado de ônibus cresce acima de 24% no primeiro quadrimestre

Programa da Caminho da Escola e recuperação do transporte público impulsionam as entregas

% dias atrás