Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br
O Virtus mal completou dois meses de mercado, mas já tem ao menos dois méritos para seu curtíssimo currículo até aqui: preencheu a enorme lacuna no portfólio da marca que havia entre o nacional Voyage e o importado Jetta e, com certeza, atrairá novos consumidores pelo desempenho do motor 1.0 turbo.
O Virtus está longe de ter um desenho arrojado, esportivo. Em uma primeira impressão, deixa transparecer que é muito mais um carro que prima pelo conforto. Mas basta apertar o acelerador de sua versão topo de gama Highline 200 TSI, avaliada por AutoIndústria, para ver que tudo pode ser bem diferente.
Já conhecido do up!, o motor turbo tricilíndrico 1.0 desenvolve 128 cavalos quando abastecido com álcool e entrega desempenho que agradará a motoristas que gostam de arrancar na frente em um semáforo ou ter fôlego extra para rápida retomadas nas estradas.
Acoplado à transmissão automática de seis velocidades, que dispõe ainda de opção de condução esportiva e comando por borboletas atrás do volante, compõe um conjunto que garante comportamento bem distinto dos carros de “tiozão”, com o são conhecidos sedãs mais bem comportados.
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Ainda que suspensão e pneus do Virtus priorizem o conforto, não dá para não se sentir instigado a pisar um tanto mais fundo com o pé direito e identificar um lado, digamos, mais jovial de um carro naturalmente familiar.
Desfrutar dessa sensação, porém, pode ser também um empecilho às suas vendas. Afinal, das três versões oferecidas pela Volkswagen, as duas que têm o motor turbinado são as mais caras. A intermediária Comfortline, também com o câmbio automático, custa a partir de R$ 73,5 mil, enquanto a topo Highline, ainda sem o opcional do revestimento dos bancos em couro, sai por salgados R$ 85 mil, já bem próximo da faixa de sedãs ainda maiores.
O consumidor pode até desembolsar menos para colocar um Virtus na garagem, mas terá de abrir mão desse desempenho e de algum conforto. A versão de entrada do modelo, a MSI, custa a partir de R$ 60 mil, mas incorpora o motor 1.6 de 117 cv, tem câmbio mecânico de cinco velocidades e nível de equipamentos bem inferior.
O Virtus é muito mais do que um Polo acrescido do terceiro volume do porta-malas. O hatch lançado no segundo semestre do ano passado, já o Volkswagen mais vendido no Brasil, também foi concebido sobre a plataforma modular MQB -A0, mas tem entre-eixos 9 centímetros menor e, portanto, espaço muito inferior para os ocupantes de trás.
No Virtus, a sensação é de se estar em carro de segmento superior e não em um sedã médio. O que já não ocorre quando a análise recai sobre o acabamento interno, que, se não desagrada integralmente, sugere que a Volkswagen poderia ter investido um pouco em materiais mais nobre e em alguns toques de refinamento, apesar do ar condicionado digital e do sistema multimidia farto de recursos.
Destaque tecnológico do interior e muito explorado durante o lançamento oficial do modelo, o cluster digital de 10,2″ não consta ainda da relação de opcionais no site da montadora nem mesmo para a versão mais cara, a Highline, que tem lista de recursos de segurança e de conforto de série no nível da oferta da concorrência para a faixa de mercado.
Assim, a Volkswagen terá de trabalhar muito a imagem da versão 1.0, se valer sobretudo de test-drives, para convencer os consumidores, já bem abstecidos com novidades no segmento, a optar pelo seu sedã.
E aí ter também a possibilidade de explicar que adotou a nomenclatura 200 TSI não apenas para evitar qualquer resquício de preconceito do brasileiro quanto aos 1.0, mas para salientar uma importante característica da boa curva de torque, verdadeiramente perceptível ao volante.
Foto: Divulgação/ VW
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