Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br
Dizem que em terra de cego quem tem um olho é rei. Deve ser o caso da General Motors do Brasil quando o assunto é sua participação no segmento de utilitários esportivos, de longe o de mais rápida e maior ascensão no mercado brasileiro.
A empresa comemora crescimento de 170% de suas vendas de SUVs no primeiro semestre contra 27% da média do segmento. Proporcionalmente — não há dúvida — trata-se de um salto e tanto. Mas sobre qual base de comparação?
Mesmo com esse vigoroso crescimento de três dígitos, a GM emplacou, nos primeiros seis meses de 2018, apenas 17,3 mil unidades dos três modelos que oferece aqui. O número é inferior até mesmo ao dos emplacamentos do Hyundai Creta, apenas o quinto SUV mais vendido do País, que superou 20,1 mil unidades no período.
Sozinho, o Tracker, trazido do México e modelo mais barato dos três utilitários esportivos da GM, respondeu por quase 78% desse total, com 13,4 mil unidades negociadas. O também importado Equinox, mais recente lançamento e objeto de robusta campanha publicitária com o piloto ex-piloto de F-1 Felipe Massa, limitou-se a pouco mais 2,3 mil emplacamentos, enquanto o grandalhão nacional Trailblazer somou 1,5 mil unidades.
Esses números concedem aos modelos, respectivamente, tímidas participações de 5,8%, 1% e 0,7% no segmento de SUVs que reúne 40 veículos e somou 230,5 mil unidades no acumulado até junho, conforme levantamento da Fenabrave.
Ou seja, enquanto a GM sustentou com relativa tranquilidade mais uma vez a ponta do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves com 16,9% no primeiro semestre, seus SUVs lhe garantiram apenas 7,5% de penetração no segmento.
Com apenas dois produtos nacionais, Renegade e Compass, e vendas residuais de mais três importados, a Jeep lidera entre os utilitários esportivos com 21,5% dos emplacamentos. Mas várias outras marcas superam com folga o desempenho da GM. Somente com o Kicks, a Nissan fechou o semestre com 21,4 mil unidades emplacadas e 9,5% de participação.
Imediatamente à frente dela ficou a Honda, que exclusivamente com o HR-V — a marca ainda tem o CR-V e, estranhamente, a Fenabrave relaciona também o WR-V como utilitário esportivo —, que somou 23,1 mil emplacamentos, garantiu 10% de penetração.
Apesar de comemorar o salto nos emplacamentos de seus SUVs no primeiro semestre, que inclusive já superaram o total de 16,6 mil registrados ao longo de todo o ano passado, a General Motors sabe que precisa de novos produtos para deixar o papel de coadjuvante que tem exercido no segmento.
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Tanto que em maio, Carlos Zarlenga, presidente da operação sul-americana da empresa, admitiu que vários dos vinte novos veículos da marca programados para serem lançados na região até 2022 serão… utilitários esportivos!
Não por mero acaso ou preferência pessoal do executivo. Se hoje os utilitários esportivos respondem por 24% dos emplacamentos, em 2014 representavam apenas 10% dos negócios. E, a julgar pelos planos de outras grandes montadoras, nada indica que esse vagalhão de SUVs perderá força tão cedo.
Foto: Divulgação
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