A gigantesca Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi estava indo muito bem, merci ou arigatou !– como queiram! A parceria se orgulhava de ter superado 10,6 milhões de veículos vendidos em 2017 e galgado ao topo do ranking automotivo mundial pela primeira vez.
Este ano o quadro era até melhor. Nos seis primeiros meses, o trio franco-nipônico contabilizou 5,5 milhões de unidades negociadas, 5,1% a mais do que em igual período do não passado e seu novo recorde mundial. “As vendas recordes da Aliança no primeiro semestre indicam que estamos no caminho certo para cumprir com os objetivos fixados pelo plano Alliance 2022”, comentou o hoje encarcerado CEO Carlos Ghosn, em julho.
O tal plano tem, entre outros desafios, alcançar vendas anuais acima de 14 milhões de veículos em mais quatro anos, 30% maiores portanto do que as de 2017, e aprofundar a convergência entre as empresas parceiras. Traduzindo: intensificar o compartilhamento de plataformas, motorizações e inovações tecnológicas nas áreas de veículos elétricos, conectividade e condução autônoma.
Resta saber agora se essas metas costuradas pelo próprio executivo nascido em Porto Velho (RO) e com fortes laços com o Rio de Janeiro, onde passou parte da infância, serão mantidas e, se sim, de fato atingidas.
Afinal, a presença, atitudes, história e resultados alcançados pelo executivo e sua equipe à frente do conglomerado, em especial da Renault e da Nissan, eram aval para muito do ainda está no papel. E não poderia ser diferente. Como não crer na visão de uma equipe — e em particular de um líder — que trouxe as duas montadoras novamente para a disputa global dos maiores conglomerados automotivos?
Mas, mesmo ainda no momentâneo olho do furacão de informações, contrainformações e bolsas retirando bilhões dos bolsos dos acionistas em poucas horas em todo o mundo, é possível vislumbrar a outra margem para a Aliança.
Por alguns poucos motivos, basicamente: participações de mercado, diversidade do portfólio de produtos e de tecnologias e estratégias em desenvolvimento e já desenvolvidas. Ainda mais quando o mundo agora compactua com a visão há tempos manifestada por Carlos Ghosn de que o futuro da indústria automobilística está vitalmente atado à propulsão elétrica e a serviços.
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Foi graças a essa percepção do executivo que tanto Renault como Nissan gozam de invejável liderança em vendas de elétricos. A dupla já alcançou mais de 500 mil unidades já vendidas em todo o mundo. Em especial com modelos como o hatch compacto Renault Zoe, Renault Kangoo Z.E e o Nissan Leaf.
Só o Leaf superou 365 mil unidades desde sua primeira geração, lançada já no distante 2010. Sim, o modelo está prestes a completar uma década de mercado, uma eternidade na era da digitalização. É legado que, por si só, deve manter o caminho das empresas da Aliança pavimentado nos próximos anos, apesar de alguns previsíveis desdobramentos do escândalo protagonizado por Ghosn.
De qualquer forma, é bom lembrar: Carlos Ghosn, pelo menos até momento segue oficialmente como presidente da Renault, ainda que o Conselho de Administração da empresa tenha estabelecido uma gestão transitória por razões óbvias.
Foto: Divulgação
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