Ao anunciar, nesta terça-feira, o provável fechamento de sete fábricas nos Estados Unidos e no Canadá e demitir 14,7 mil empregados, a General Motors justificou a medida argumentando “um ajuste para a nova realidade do mercado”, que, segundo a empresa, está focado cada vez mais em veículos elétricos e autônomos e na mobilidade compartilhada, com o crescimento de aplicativos de transporte, como o Uber.

Para a GM, o aumento do uso desse sistema resultará  em menos compradores para carros novos. Ora, o mundo não está consumindo menos carros, ao contrário, a produção e as vendas crescem a cada ano e a China está aí para provar isso, com seus 30 milhões de unidades por ano.

Se aumentam os aplicativos de transporte, as montadoras  continuarão produzindo para atender a demanda. Mais do que isso: as vendas devem crescer ainda mais, porque o usuário passa a andar de Uber, mas não deixa de ter o carro próprio na garagem. Se surgem novas teologias — como o carro elétrico e o autônomo —, isso leva a um aumento de vendas e não uma recessão.

A produção mundial de carros deverá crescer 30% até 2030, para um total de 123 milhões de unidades, indica o estudo feito pela consultora Oliver Wyman, mesmo considerando que o número de carros partilhados cresça 95% na Europa, 114%, nos Estados Unidos e 358%, na China.

Portanto, por traz da decisão da GM estão outros fatores:

1- O fim da produção de alguns modelos, como os sedãs Cruze e Impala, cujas vendas têm caído fortemente nos últimos meses. O mundo, Estados Unidos inclusive, está mudando radicalmente de preferência, a favor dos SUVs, que estão engolindo outras categorias antes preferidas pelo consumidor, como a dos sedãs;

2- As tarifas impostas pelo presidente Trump para insumos importados, como aço e alumínio;

3- A opção da empresa em fabricar carros em outros países por um custo menor. Como no México e na China.

* Joel Leite é jornalista, palestrante e criador da Agência AutoInforme, agência especializada no setor automotivo

Foto: Divulgação

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