A partir de parceria inédita firmada com o McDonald’s nos Estados Unidos, a Ford vai aproveitar a palha de café na fabricação de peças de automóveis. O projeto visa dar novo destino a boa parte das milhares de cascas secas do grão que sobram no processo de torrefação, normalmente usadas como adubo ou carvão.
Estudos feitos pelas duas empresas revelaram que a palha de café tem propriedades capazes de reforçar certos tipos de peças, criando um material durável. “Quando é aquecida a altas temperaturas sob baixo oxigênio e misturada com plástico e outros aditivos, ela dá origem a um granulado que pode ser moldado em vários formatos”, informa a Ford.
De acordo com a montadora, os componentes feitos com esse composto são cerca de 20% mais leves e consomem até 25% menos energia no processo de moldagem. Em relação ao material usado atualmente, também é sensivelmente melhor a sua resistência ao calor, o que favorece a aplicação em peças como carcaças de faróis e componentes no compartimento do motor.
“O compromisso do McDonald’s com a inovação nos impressionou e se encaixa com a nossa visão de futuro e ações para a sustentabilidade”, comenta Debbie Mielewski, líder técnica do time de sustentabilidade e pesquisa de novos materiais da Ford. “Esta é uma prioridade para a Ford há mais de 20 anos e um exemplo de avanço na economia de circuito fechado, onde diferentes indústrias trabalham juntas e trocam materiais que de outra forma seriam descartados.”
Segundo Ian Olson, diretor de sustentabilidade global do McDonald’s, assim como a Ford a empresa também está comprometida com ações em prol da redução do desperdício: “Estamos sempre buscando maneiras inovadoras de alcançar esse objetivo”.
O projeto envolve parceria também com a Varroc Lighting Systems, fornecedora de faróis, e a Competitive Green Technologies, processadora da palha de café.
Avanços em materiais recicláveis – A Ford lembra que desde a virada do século vem pesquisando alternativas para substituir os plásticos à base de petróleo por materiais biológicos e subprodutos agrícolas. Dentre outras ações, destaca o uso de espuma à base de soja em bancos e forros, implantado em 2007, e a utilização de garrafas plásticas recicladas em tapetes, caixas de roda e tecidos desde 2008.
A partir de 2009 passou a usar palha de trigo em porta-objetos e porta-copos e no ano seguinte adotou a utilização de algodão reciclado de roupas em forro acústico de portas e porta-malas. Em 2011 foi a vez de os os pneus reciclados serem destinados à produção de materiais de vedações e juntas e em 2013 a casa de arroz foi incorporada à produção de chicotes elétricos. Desde o ano passado a empresa vem usando bambu em compostos plásticos de peças internas e no compartimento do motor.
Foto: Divulgação/Ford