Os Adas, sigla em inglês que identifica dispositivos de auxílio à condução e segurança por sensores, radares e câmeras — no Brasil ainda hoje disponíveis apenas em automóveis de preços elevados — começam a ganhar versões mais acessíveis e simplificadas.
Depois de ser apresentado na edição 2019 da Fenatran para aplicação em caminhões e ônibus, um deles, o Mobileye, passa a ser oferecido também para instalação em automóveis no aftermarket.
Desenvolvido pela startup israelense de mesmo nome e que foi adquirida pela gigante global Intel há cerca de três anos, o sistema, em caso de potencial colisão, emite alertas visuais e sonoros baseado na velocidade, identificação das distâncias entre veículos, ciclistas, pedestres, sinalização terrestre e até na leitura das placas de velocidade.
“Se ao receber os avisos o condutor não agir ou a frenagem for insuficiente para evitar a colisão, o sistema seguirá com os alertas”, explica Ubiratan Malumbre, diretor comercial da FFTech, importadora da tecnologia que já foi instalada em cerca de 1 mil caminhões e que comporá toda a frota de distribuição da Ambev.
O Mobileye para automóveis é rigorosamente o mesmo dos caminhões, mudam apenas os parâmetros para cada tipo de veículo ou modelo. O custo é de R$ 4 mil e a instalação demanda cerca de 1 hora, no máximo 1h30. Pode ser feita em revendedores em todas as Capitais ou, em algumas cidades como São Paulo, por técnicos da própria FFTech, que se deslocam até o escritório ou residência dos clientes.
A empresa, porém, trabalha para ampliar drasticamente a presença do Mobileye nos veículos que rodam por aqui. Para isso, encaminha tratativas com as montadoras para homologá-lo como equipamento original e, assim, ser oferecido e instalado nas redes concessionárias.
Essa segunda etapa não está distante. Malumbre adianta que testes já estão sendo realizados em veículos de várias marcas, como Fiat Toro, Chevrolet Tracker ou Ford Ranger.
PRODUÇÃO LOCAL
O diretor da FFTech, porém, não esconde que a ideia da empresa é fornecer diretamente para as linhas de montagem de veículos. “Já foram vendidos cerca de 54 milhões de processadores da Mobileye para a indústria automobilística mundial. Eles estão em carros, por exemplo, da BMW, Audi, GM, Honda, Nissan e Volkswagen, só que em sistemas com as marcas ZF ou Valeo, para citar apenas dois nomes.”
O sistema já começa a aparecer em alguns caminhões nacionais, com um da Mercedes-Benz. Mas o fornecimento direto para os fabricantes de automóveis teria impacto imediato sobre o preço final, seja pela imediata redução da carga de impostos hoje recolhida sobre o sistema importado para venda ao cliente final e também, de outro lado, pela demanda bem maior.
Este potencial fornecimento direto às montadoras de automóveis é seriamente considerado pela FFTech. Tanto que a empresa já desenvolve estudos para a montagem local do Mobileye, caso a demanda justifique. Minas Gerais, que tem demonstrado interesse no desenvolvimento de seu parque de empresas de tecnologia, muitas delas instaladas no Sul do estado, concorre com boas chances de abrigar uma unidade fabril.
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Por outro lado, a empresa defende também mudanças na legislação que possam incentivar a oferta de dispostivos que amplifiquem a segurança no trânsito. Resolução de 2018, lembra, prevê isenção de imposto de importação para autopeças que não podem ser produzidas aqui apenas para fornecimento direto aos fabricantes de veículos.
“A legislação reduz o custo para as montadoras, mas o consumidor final ainda precisa pagar o equipamento com o imposto de importação embutido, o que dificulta a instalação em larga escala nos carros que já circulam pelas ruas”, completa Celso Gitelman, CEO da FFTech, que calcula em redução de quase 50% no preço final se a resolução valesse para todos os equipamentos .
Foto: Divulgação
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