Em busca de equilibrar oferta com os novos patamares do mercado, a indústria automotiva encerrou julho com estoque abaixo dos números tradicionais do setor, que giram em torno de 30 a 35 dias de vendas considerando os pátios das fábricas e os das montadoras. O número total de veículos estocados caiu de 157,6 mil em junho – ou 27 dias de vendas – para 138,3 mil no mês passado, equivalente a apenas 24 dias.
A redução foi maior nos pátios das montadoras, que encerrou julho com estoque de 31,3 mil unidades, volume quase 30% inferior ao do mês anterior (41,8 mil). Nas concessionárias, a redução foi de 115,8 mil para 107 mil, menos 7,6%. Em dias de vendas, a queda é de 5% na rede e de 25% na indústria.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, lembra que quando começou a quarentena no País, por causa da pandemia da Covid-19, os estoques chegaram a praticamente quatro meses de venda, afetando a saúde financeira tanto das montadoras como das concessionárias. A partir daí, cada fabricante buscou adequações entre oferta e demanda, o que contribuiu para reduzir os estoques nos níveis atuais.
Ele admite até que pode faltar alguns modelos específicos no mercado, dizendo que cabe a cada montadora agora calibrar a produção com a procura no varejo. “Cada uma vai ver qual modelo tem mais demanda ou menos para ajustar as fábricas ao novo momento de vendas”.
Apesar do desempenho positivo de julho, com total de 174,5 mil emplacamentos, 31,4% a mais do que em junho, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, diz que o cenário ainda é de neblina pela frente, ou seja, não dá para prever como será exatamente o comportamento do mercado este ano.
Por enquanto a entidade mantém a projeção de queda de 40% nas vendas internas, para 1,65 milhão de veículos, índice que pode ser revisto em agosto ou setembro dependendo do comportamento do mercado nas próximas semanas.
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A média diária de vendas antes da pandemia variava entre 11 mil e 13 mil unidades, número que caiu para 7,6 mil em julho. Segundo o presidente da Anfavea, agosto começou com volume similar ao do mês passado, mas ele diz que ainda é cedo para prever como o mês será encerrado. “Vamos acompanhar o movimento dos próximos dias, sem esquecer que agosto terá dois dias úteis a menos do que junho, o que pode afetar o comparativo dos números absolutos”.
Moares também comentou sobre a alta do dólar, dizendo ser inevitável o repasse aos preços. Lembrou que as exportações também foram fortemente afetadas, o que impede compensar as perdas com as importações com maior volume das vendas externas.
Foto: Divulgação/Volkswagen
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