Pablo Di Si, CEO da Volkswagen na América Latina, admitiu nesta sexta-feira, 13, a necessidade de a empresa eliminar 35% dos postos de trabalho de suas quatro fábricas no Brasil, conforme antecipou AutoIndústria em 19 de agosto. “É inevitável e precisamos ter senso de urgência”, afirmou o executivo, que há quinze dias lidera negociações com os sindicatos dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, SP, e de São José dos Pinhais, PR.
O porcentual equivale a cerca de 5 mil dos atuais 15 mil funcionários da montadora, cuja produção acumulada nos primeiros oito meses ficou em torno de 186 mil veículos contra mais de 330 mil em igual período do ano passado, queda de 44%. “Perdemos o equivalente a uma fábrica”, reforçou em entrevista coletiva online Di Si.
Esta semana, a montadora apresentou proposta de pacote de ações para redução de seus custos que deve ser analisado nos próximos dias pelos trabalhadores. Dentre as medidas, estão redução no PLR, Participação sobre Lucros e Resultados, alterações em planos médicos, aumento de contribução dos trabalhadores para alimentação e transportes, layoff e abertura de um PDV, Plano de Demissão Voluntária.
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“O PDV é mais um dos instrumentos que estamos utilizando depois das férias coletivas e da flexibilização da jornada de trabalho”, destacou Di Si, que indica a abrupta queda dos mercados da América Latina como motivo para “adequar o quadro de funcionários ao atual nível de mercado”.
O executivo espera que as negociações com os trabalhadores devem ser concluídas na semana que vem, mais tardar nas seguintes.
“Claro que são conversas duras, mas também transparentes, principalmente por parte da Volkswagen. Não temos problemas em uma fábrica nem só no Brasil. O senso de urgência é para a região. Não é uma negociação de produtos, mas de sobrevivência”, que admitiu que em breve iniciará conversas com os trabalhadores de sua fábrica na Argentina, mercado que já vinha em forte declínio e recuou 39% em 2020.
A Anfavea estima que serão fabricados algo como 1,8 milhão de veículos no Brasil em 2020 contra a capacidade instalada de 4,1 milhões, ociosidade da ordem de 53%. “Voltamos ao nível de 20 anos atrás, mas com produtividade bem maior”, acrescentou Di Si,
O cenário atual e, principalmente, as projeções de lenta recuperação para o setor retornar ao patamar pré-pandemia — não menos do que três anos, segundo a Anfavea — já fizeram com que a Volkswagen atrasasse alguns projetos de veículos, como o da picape Tarek na Argentina, e até mesmo a definição de um novo ciclo de investimentos no Brasil.
O atual, de R$ 7 bilhões, que começou em 2016 e seria concluído este ano, foi estendido para o transcorrer de 2021.”Vamos ter que fazer escolhas muito mais agudas para definir os [novos] projetos”, disse o executivo, que aposta na continuidade de crescimento da demanda regional por SUVs e picapes e na perda de espaço de vendas dos sedãs.
Foto: Divulgação
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