Teletrabalho, home office, trabalho remoto, trabalho a distância. Denominações não faltam para a nova prática adotada pelas empresas para garantir o necessário distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19, que tem tudo para virar rotina no setor automotivo a partir de agora.
Dentre vários estudos em andamento, o Grupo PSA saiu na frente e no início deste mês, ao recomeçar suas atividades no escritório de São Paulo, implantou projeto piloto pioneiro na América Latina com seus colaboradores se revezando no local e mantendo média de apenas 30% de presença física durante a semana.
Entusiamada com os resultados alcançados até agora, Lindaura Prado, vice-presidente de Recursos Humanos América Latina do Grupo PSA, diz haver algumas desvantagens no teletrabalho, mas nada que não seja administrável. Até porque as vantagens para o funcionários e a empresa são bem maiores do que as desvantagens.
“É uma herança positiva que a pandemia vai deixar”, comenta a executiva, informando que a empresa realizou pesquisa sobre o home office nos 23 países onde opera (40 mil pessoas), com 90% de índice de aprovação no Brasil ante média mundial de 75%.
Na sua avaliação, a aprovação maior em países da América Latina tem a ver com aspectos culturais, dentre os quais a questão da segurança. “A gente privilegia a segurança e a qualidade de vida. E, sem dúvida, o teletrabalho é positivo nesse sentido”.
Os três principais benefícios apontados pelos colaboradores brasileiros na pesquisa foram: economizar tempo no deslocamento para o trabalho, equilíbrio entre vida profissional e pessoal com ganho em flexibilidade organizacional e redução de custos.
A novidade é o tíquete teletrabalho
Com os 1,2 mil mensalistas do grupo no Brasil trabalhando em casa desde março, a empresa realizou uma série de ajustes para adaptação a esse novo tipo de trabalho. Além de fornecer notebooks para todos, o Grupo PSA acaba de criar o tíquete teletrabalho, uma ajuda de custo para o funcionário pagar internet, eletricidade e até comprar equipamentos que julgue necessário.
Segundo Lindaura, não há empecilhos na legistação trabalhista para a prática do teletrabalho, apenas é necessário assinar contrato específico nesse sentido. A empresa já oferecia essa possilidade ao funcionário antes da pandemia, mas era algo mais esporádico.
Dentre as principais vantagens do trabalho a distância, ela cita ganhos de produtividade e maior confiança entre líderes e liderados. “A equipe ganha mais autonomia, mais flexibilidade e melhora a relação de confiança”.
De outro lado, o funcionário tem de estar ciente de que não deve ficar conectado 100% do tempo. “Há necessidade de pausas para almoço ou café, assim como o de ter o dissernimento de parar o trabalho mais cedo no dia em que começou antes por causa de alguma reunião fora do horário convencional”.
Para orientar os mensalistas, a PSA, que produz carros das marcas Peugeot e Citroën, preparou inclusive uma cartilha com todas as dicas importantes para tornar o home office produtivo e agradável, com orientações inclusive sobre ergonomia. “O objetivo é neutralizar as desvantagens e potencializar as vantagens”.
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Dentre as desvantagens, a vice-presidente cita o sedentarismo e o isolamento social. Por isso é importante o colaborador tirar um período do dia para fazer exercícios, alongamentos ou caminhadas.
A proposta de ir pelo menos dois dias da semana ao escritório visa evitar o total isolamento social. “Mas a presença física está limitada a 30% da semana. Pode ser menos, mas não mais”.
A empresa também tem vantagens nesse processo todo, como menor consumo de materiais e insumos, como eletricidade, e menos gastos com deslocamentos, estacionamentos e viagens. Com relação às refeições, a PSA não só manteve o tíquete como deixou a cargo do funcionário escolher a troca por um tíquete alimentação.
Ainda dentro de um novo cenário no pós-pandemia, Lindaura diz estar claro que não haverá mais viagens e reuniões presenciais nos mesmos níveis de antes. “A tendência é a de haver um revesamento entre os encontros presenciais e virtuais, com ganhos para todos os envolvidos”.
O projeto piloto iniciado no escritório da capital paulista, como parte do novo conceito de trabalho mundial da PSA, chamado de “Nova Era da Agilidade”, será estendido para a área administrativa de Porto Real, no sul-fluminense, e para outras operações do grupo na América Latina.
Case premiado
O case do Grupo PSA sobre suas ações em prol da valorização dos seus colaboradores durante a pandemia de Covid-19 rendeu à empresa o Prêmio Ser Humano ABRH-RJ – Edição Especial 2020. O anúncio sobre o vencedor aconteceu na noite do dia 11 de novembro, durante a cerimônia virtual promovida pela entidade envolvendo os 17 finalistas.
Intitulado “Evoluindo na Pandemia: antifragilidade e valorização do Ser Humano fortalecem o Groupe PSA”, o case concorreu na categoria especial criada este ano e destinada especificamente a ações de gestão de pessoas voltadas ao enfrentamento da crise gerada pela pandemia.
Foto: Divulgação/PSA
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