Com demanda aquecida e problemas com falta de insumos e peças que perduram desde o final do ano passado, a indústria automotiva convive atualmente com o mais baixo nível de estoque de toda a sua história. O volume estocado nos pátios das montadoras e nas concessionárias caiu de 119,4 mil unidades em novembro para apenas 96,8 mil em dezembro, o equivalente a apenas 12 dias de vendas.

A consequência desse quadro é a falta de vários modelos no mercado brasileiro, filas de espera que ultrapassam 60 dias e preços em alta no varejo. Nas fabricantes o estoque é de apenas 14 mil veículos, ou dois dias de produção, e na rede está em 82,8 mil unidades.

Os números foram divulgados nesta sexta-feira, 8, pela Anfavea, que confirmou dados já divulgados pela Fenabrave de que dezembro foi o melhor mês do ano em vendas internas, com total de 243.967 emplacamentos, número superior à produção do período, que ficou em 209,3 mil unidades.

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O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, explicou que as montadoras vêm fazendo tudo que podem para aumentar a oferta, mas informou que o setor ainda convive com desabastecimento em seu dia a dia, com micro paradas na produção por causa da falta de peças e insumos.

“A indústria fez um grande esforço para atender a demanda, trabalhando aos finais de semana e suspendendo parte das férias coletivas, mas entra em 2021 com os estoques mais baixos de sua história”, reforçou Moraes. Dentre outras ações, o presidente da Anfavea destaca também a importação de componentes por avião

“Estamos pagando frete mais caro para garantir o abastecimento das linhas e, apesar de todos os nossos esforços, ainda não temos como prever quando haverá uma normalização das entregas de peças e insumos. Sem contar que o risco da segunda onda da Covid-19 pode trazer ainda mais problemas para a indústria automotiva em geral”.

Apesar do atual momento ser de demanda maior que a oferta, no acumulado do ano o setor amargou queda de 26,2%, com pouco menos de 2,1 milhões de veículos leves e pesados emplacados, ante os 2,8 milhões de 2019. Para este ano, a projeção da Anfavea é de alta de 15% – índice bem próximo aos 16% estimados pela Fenabrave -, o que significa que a indústria não vê perspectiva de retomar em 2021 o patamar de 2019, antes da pandemia.

Uma das coisas que preocupa os fabricantes é o aumento do ICMS dos veículos em São Paulo, que no caso dos carros novos subirá de 12% para 13,3% no próximo dia 15 e para 14,5% em primeiro de abril.


Foto: Divulgação/Jeep

Alzira Rodrigues
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