Por George Guimarães
A BorgWarner está acelerando o ritmo de produção de correntes de sincronismo para motores em sua fábrica de Itatiba (SP). A unidade, que entrou em operação efetivamente há apenas cinco meses, produzirá até o fim do ano cerca de 150 mil peças, quantidade que será quase quadruplicada já em 2018. “Com a entrada de novas aplicações, projetamos chegar a 550 mil”, afirma Wilson Lentini, diretor da planta, cuja capacidade produtiva original é da ordem de 1 milhão de unidades.
Produtos da divisão Morse, as correntes da empresa têm aplicação em motores até 1.3 litro e já estão presentes nos Fiat Uno, Mobi e Argo e, mais recentemente, no compacto Renault Kwid. A empresa enumera algumas vantagens com relação às popularíssimas correias dentadas, sabidamente mais baratas: têm grande durabilidade, não demandam qualquer troca ou manutenção ao longo de toda a vida útil do veículo e são silenciosas, pois foram projetadas para reduzir atritos, o que, consequentemente, também permite alguma economia de combustível.
A abrupta aceleração da linha de Itatiba em poucos meses atende ao próprio crescimento do mercado interno, único destino da produção, mas sobretudo novos contratos de fornecimento. Daniel Roque, gerente de contas da Morse System, não revela quais e quantos são, antecipa porém que o componente deve integrar dois ou três novos motores no transcorrer de 2018.
De qualquer forma, o executivo admite que há tratativas com outras montadoras. A Hyundai já utiliza as correntes Morse em seus motores importados da Coreia e que são montados nos veículos que fabrica em Piracicaba. É, naturalmente, potencial cliente caso finalmente invista em uma planta de motores aqui, decisão que recorrentemente a montadora atrela ao crescimento consistente do mercado interno.
Itatiba, na verdade, fornece às duas atuais clientes um kit que engloba, dentre outros pequenos componentes, a própria corrente e o tensionador, peça fabricada também pela empresa e cuja injeção de alumínio da carcaça é feita em outra planta do grupo localizada em Piracicaba(SP). Algo com 60% a 70% do conjunto têm origem local.
Elos e pinos de aço, contudo, são importados de outras unidades produtivas da BorgWarner nos Estados Unidos e Japão. Lentini, porém, não descarta estudos para a fabricação deles no Brasil, assim como uma eventual ampliação da capacidade original de 1 milhão de unidades.
Os executivos da empresa admitem que, a julgar pelo ritmo de crescimento da produção de veículos no Brasil, a crescente tendência de adoção de correntes em substituição às correias e a concretização das várias tratativas em curso, a planta poderia chegar a essa marca já em 2019.
Exportação e mercado de reposição não influenciarão a decisão, afirmam. Tanto uma como outra ativida representa números residuais nas vendas. Por contrato, a BorgWarner não pode negociar seus kits diretamente com distribuidores e a própria taxa de substituição seria irrisória. Para fora do País, as correntes Morse seguem já montadas nos motores fabricados aqui pela Renault e Fiat.
Fotos: Divulgação /BorgWarner.
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